28 Nov 2013

Misty Fest: A alvorada dos Dealema


Os Dealema descem à capital e é como se Deus pisasse a terra. Os fãs de hip hop reuniram-se para celebrar a banda, os seus vinte anos de beats e o novo álbum, que chega a 14 de Dezembro. À beira da viragem para uma onda mais positiva, o grupo do Norte foi recebido com a devoção de sempre pela "família do Sul", que reclamou a si o TMN Ao Vivo, a 23 de Novembro.

Coube aos Dealema encerrar o Misty Fest 2013, em jeito de pré-apresentação do disco Alvorada da Alma. Os seguidores do hip hop português (que é o mesmo que dizer "os fãs de Dealema") aguardam com ansiedade o novo trabalho do grupo. Retirado de uma costela de A Grande Tribulação, de 2011, chega já no próximo dia 14 e menos sombrio que o antecessor.

Foi com este registo que subiram ao palco Expeão, Fuse, Maze, Mundo Segundo e DJ Guze. Sem perder tempo, arrancam com 'Arte de Viver', passam para 'Infiéis' e continuam com 'Escola dos 90'. Lançadas as bases do movimento, feitas as apresentações dos DLM e recordada a história do hip hop em Portugal, pausa para respirar.

Mas o público quer mais e estamos apenas no início. Os Dealema respondem com 'Bófiafobia'. Como vai acontecer mais vezes durante o concerto, os espectadores seguem a letra, rima a rima. Estas já têm alguns anos, mas parecem ter sido ouvidas pela primeira vez ainda ontem.

Chega 'A Cena Toda', "música com atitude". Voltamos a ouvir falar do percurso do género, os anos 1990 lá ao fundo, a busca da identidade e do lugar, tão legítimo quanto merecido, dos Dealema. O hip hop também é isto... Pode ser que o disco deste ano traga algo mais fresco.

'Família Malícia' é um dos momentos mais poderosos da noite. A letra não é brilhante (embora seja de apontar umas quantas "rimas soberbas"), mas a música ganha pela voz de Fuse, que ecoa na sala num tom grave e directo - impressionante.

'Mais uma sessão', por sua vez, faz chegar à frente cada um dos elementos. É assim um colectivo: todos cantam mesmo quando só um tem a palavra. (Destaque para Mundo, que quase interpreta todo o concerto em linguagem gestual). Sabe bem ver um grupo em que os egos dão espaço à música. Egos que podiam ser tão grandes quanto a discografia dos próprios Dealema. São impressionantes os trabalhos a solo de Maze, Mundo, Fuse e Expeão (que já este ano nos brindou com O Fim de Todas as Estradas, álbum de que o público prefere retirar o mais comercial 'O Teu Amor Por Mim' embora tenha ainda um inevitável e poderoso 'Poeta Falhado'). Enquanto grupo, porém, juntam as genialidades individuais para produzir um colectivo brilhante. Chave do sucesso?

'Sala 101' arranca ao público um coro bem ensaiado: "ignorância gera violência, nela nunca procurei abrigo". 'A Última Criança' recolhe a mesma reacção e a distância entre público e plateia diminui ainda mais um pouco.

O concerto vai ficando mais leve à medida a que se progride na setlist e é mesmo isso que acontece quando chega o primeiro single do novo álbum. 'Bom Dia' já anda a tocar nas rádios e, como já se esperava, por ser mais comercial não agrada de imediato a todos os fãs. Mas lá para o meio já ninguém resiste à saudação animada que dá refrão e título ao tema, que conta com a participação de Ace. Uma noite depois de ter comemorado duas décadas com o colectivo com os Mind da Gap, também em Lisboa, Ace junta-se aos Dealema no TMN Ao Vivo.

Para aproveitar a sua presença, toca-se 'Brilhantes Diamantes', tema de Serial com Maze. Alvorada da Alma tem 13 convidados especiais. Depois de Ace, só NBC se mostra em palco. (Talvez se veja mais dos restantes convidados lá para 20 de Dezembro, na apresentação dos Dealema no Santiago Alquimista.)

O rapper cria um dos momentos mais melódicos do concerto, ao emprestar a sua voz ao refrão de 'Vive', segundo avanço do álbum novo dos Dealema. O outro momento de melodia foi proporcionado por Ana Lu, que o público já sabe ao que vem. É dela a voz feminina em 'Nada Dura Para Sempre'. E porque nada dura mesmo para sempre, é com este hino que o concerto chega ao fim. O movimento dealemático dispersa, sem direito a encore e com muita vontade de continuar.

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Hip hop is just one of those things you can't really translate. Dealema were one of the first Portuguese  hip hop groups to come along in the 90s. They're still together and are today one of the most relevant names in the hip hop scene in Portugal.


On 23rd November, Dealema played a show in Lisbon, at TMN Ao Vivo, the last concert in Misty Fest 2013. Being from Porto, it is always a party when they come to the "south", where the band says they feel like having a family.

The latest concert was exception. But it was also special because the band is about to release a new album, which will be out on 14th December. On the 20th they'll be back in Lisbon, to play at Santiago Alquimista.

Alvorada da Alma, the new record, has 13 special guests and a more positive note. Be sure to check out Dealema, even if you're not much into hip hop. It's good music and powerful lyrics, either way. And there's that amazing feeling during a concert, when you're surrounded by screaming fans having the best time and being touched by the music they love.