28 Aug 2012

Festas do Mar 2012: João Só e Abandonados


João Só e Abandonados abriram a segunda noite das Festas do Mar 2012. A Câmara Municipal de Cascais escolheu bandas e artistas da cidade para a primeira parte de todos os concertos durante os 10 dias de festa, uma iniciativa para dar a conhecer o talento local.

Tocar em casa agrada sempre às bandas. João Só e Abandonados encontraram no público amigos e familiares, como sublinhou o líder da banda. O resultado foi um concerto com empenho redobrado e animação, essa já garantida à partida por letras como "Alguém de quem já gostaste/Mas com quem já não se pode/E que te vem com uma cassete/Agora que tens um iPod" ('Coisas desse género').

É uma pop divertida, que canta o universo da geração 2000 e olha para ídolos como Beatles, Oasis, Elvis Costello, Sérgio Godinho e Jorge Palma.

No alinhamento não faltaram as músicas mais conhecidas da banda, que já editou dois álbuns - um homónimo e o mais recente Ela Só, entretanto reeditado com o sucesso 'Sorte Grande'.

Sem Lúcia Moniz, este tema ecoou entre o público, já bem composto a meio do concerto. 'A Marte', 'Fogo' e 'Meu Bem' recolheram aplausos e coros.

No final, houve ainda tempo para mais uma música. Os pedidos do público chegaram ao palco e a escolhida acabou por ser 'Alegrias Disfarçadas'.

Fica o alinhamento e as fotografias do concerto de João Só e Abandonados, a 18 de Agosto, nas Festas do Mar 2012.

'Amor em Fúria' | 'Caminho das Pedras' | 'Vamos a Jogo' | 'A Marte' | 'Fogo' | 'Cresce e Desaparece' | 'Sorte Grande' | 'Meu Bem' | 'Coisas desse género' | 'Alegrias Disfarçadas'



A 27 de Setembro, João Só e Abandonados actuam no TMN Ao Vivo, com promessas de um grande espectáculo.

27 Aug 2012

Festas do Mar 2012: David Fonseca


Foi entre duas estações e dois trabalhos que David Fonseca regressou à Baía de Cascais, para um concerto nas Festas do Mar 2012. A chuva, em noite de Verão, não demoveu os milhares de pessoas que ouviram temas de Seasons: Rising, lançado no início da Primavera, e ficaram com vontade de conhecer Seasons: Falling, que chega a 21 de Setembro.

Um alinhamento com oito dos 11 temas de Rising não fazia adivinhar a reacção do público – a primeira parte de Seasons saiu a 21 de Março e o público conhece-o por inteiro. O diário musical de David Fonseca conseguiu envolver os fãs numa aventura pelas estações do ano.

‘What Life is For’, o primeiro single lançado, abriu (e fechou) a actuação em Cascais. Os habituais coros das músicas de David Fonseca não tardaram em ressurgir da multidão assim que o músico apareceu na contraluz de um cenário à anos 80. Às bolas de espelhos, duas ou três, e à parede de luzes juntam-se as projecções de imagens captadas durante o concerto no próprio palco, uma componente visual que o músico nunca descura.

‘Under the Willow’ é o segundo tema mais conhecido de Rising. Entra a guitarra acústica a contrastar com a atmosfera disco e a dar início a um rodopiar de instrumentos durantes as duas horas do espectáculo.

Outro ponto alto chega com ‘Someone That Cannot Love’, a música que deu o aval do público à carreira a solo de David Fonseca. Uma balada logo interrompida pelas músicas mais mexidas e electrónicas de Seasons: Rising. ‘Go*Dance*All*Night’ é um crescendo contagiante que o músico vai intercalando com o clássico refrão “I love to love you, baby” – sobejam referências disco e pop nos concertos do músico/fotógrafo. ‘Armageddon’ é o ponto alto desta euforia electrónica que acaba com David Fonseca ao piano a arrancar aos milhares de pessoas presentes um “oh Cascais” colectivo. Ao final deste primeiro acto, o público estava inteiramente rendido à simpatia do músico.

De seguida, a música que levará “ao Festival da Canção, quando tiver toda a lata do mundo” – ‘The Beating of the Drums’. É alegre, é pop, é bubbly como são as músicas apresentadas naquela competição.

Contador de histórias como é, o músico de Leiria recorda a primeira música que fez no primeiro piano que teve – ‘To Give’. Não é das preferidas dos Silence 4, mas percebe-se a intenção de variar das já muito tocadas ‘My Friends’, ‘Angel’ e ‘Borrow’. Percebe-se também um David Fonseca a dar mais espaço à música nova – o próprio explicou-nos que não gosta de olhar para o que está no passado e sim ver o que pode fazer no futuro.

Entre as palmas de ‘Kiss me, Oh Kiss me’ e o assobio de ‘Superstars’ há tempo para músicas que toda a gente conhece, como o hit pop ‘Single Ladies’ a divertir o mar de gente das Festas do Mar.

Dois encores animados trazem um fim estrondoso – não falta ‘The 80s’ (o eterno single popularizado pela Vodafone), que em outros concertos ouvimos com ‘Video Killed the Radio Star’. Agora vem depois da quase psicadélica ‘Whatever the Heart Desires’, incluída em Seasons: Rising.

Estinguem-se os últimos acordes mas as luzes permanecem em palco. Em duas esferas suspensas do tecto continuam a ser projectadas imagens, já não das expressões de David Fonseca mas da mesma galáxia que podemos ver no vídeo de ‘What Life is For’. É que Seasons: Rising é isto mesmo – um delírio intergaláctico por meio ano da vida de David Fonseca, em que as baladas sappy que deram lhe deram uma certa reputação cedem espaço à festa.



Vem aí Seasons: Falling e desengane-se quem pensa que este é o disco de calma depois da tempestade. É o próprio David Fonseca que o explica, em entrevista ao Urban Blues aqui.

Da Primavera ao Outono com David Fonseca


Envolveu o público na sua vida durante um ano, com dois discos e mais algumas músicas divulgadas na Internet. Continua a superar-se de trabalho em trabalho, mas não é com a intenção de se reinventar que o faz. David Fonseca – músico, fotógrafo e contador de histórias – fala de Falling, que sai a 21 de Setembro e vem juntar-se a Rising para completar o diário musical iniciado na Primavera passada, a colecção Seasons.

O próximo single chama-se ‘All That I Wanted’ e está inserido num disco de músicas animadas ao contrário do que o nome Seasons: Falling antecipa. E traz como surpresas convidados especiais, ainda não revelados.

Também em segredo estão os próximos projectos do artista, que passarão pela fotografia e um regresso ao Brasil. Canta na língua que lhe apetece e afirma sem reticências que ainda está tudo por fazer.

O Seasons é um projecto de um ano, que chegou agora ao fim. Não sentes falta deste diário musical? Não tive tempo para sentir falta. Acabei o diário mais ou menos no início de Março (não foi exactamente a dia 21) e tive de começar imediatamente a gravar a segunda parte. Portanto, nunca o deixei. Fiz as músicas mas não as gravei. Quando a primeira parte acabou em Março, entrei em digressão com o Seasons: Rising e depois tive de continuar a gravar o Seasons: Falling. Acabei de gravar este disco e ele ficou fechado há dez dias atrás. Não tenho saudades nenhumas do diário musical. Muito pelo contrário, os últimos dias passei-os na praia. Fiquei surpreendido com tantas pessoas que lá estavam. Então é isto que as pessoas fazem em Agosto! Mas não tenho saudades. Sinto que consegui fazer uma coisa um bocadinho difícil e isso é uma sensação espectacular.

Uma coisa difícil e diferente.
Sim, muito diferente. E estou muito expectante para lançar o Seasons: Falling porque é um disco de que eu gosto muito. Particularmente, o Falling. Acho que é uma resposta ao primeiro disco, não é o resto das coisas. Pelo contrário, tudo cresce um bocadinho no Seasons: Falling.

É nisso que eles são diferentes?
Não vou muito por aí – pode haver a sensação de que o Rising vai ser cheio de músicas a abrir e o Falling vai ser só baladas. Não é verdade. O Rising é claramente um disco feito para fora e o Falling é um disco muito feito para dentro, muito feito das minhas considerações. É muito mais interno. E isso foi uma coisa que me agradou – em contraponto ao outro que é um disco mais rockeiro, festivo, electrónico, este tem mais tempo e eu gosto disso.

Na primeira parte de Seasons, contaste com a colaboração de músicos como o Rui Maia (X-Wife) e a Catarina Salinas (Best Youth). O que vai trazer Seasons: Falling?
Vai trazer muitas surpresas, boas surpresas, mas ainda não posso dizer quais são. Trabalhei com algumas pessoas com quem ainda não tinha trabalhado e fui buscar outras com quem há muito tempo não trabalhava. Há muitas surpresas neste disco, muitos convidados surpresa que me orgulharam muito em participar no meu disco.

Procuras reinventar-te nos discos, nas edições físicas dos álbuns e nos espectáculos?
Eu não acho que me tento reinventar. Eu não quero é fazer a mesma coisa, uma é que empurra a outra. Quando nos sentamos no início de um espectáculo, de um disco, no design dos discos… Aquilo que está na mesa é não fazer igual. E a partir daí tentamos seguir para uma coisa diferente. O desejo de fazer uma coisa diferente é, em primeiro lugar, não fazer igual. E depois logo se vê onde é que isso nos vai levar.

Aonde é que essa premissa te levou no processo de composição de Seasons?
Este processo foi meio duro. Se bem que isto para mim é um disco, não são dois discos, mas tendo dois lançamentos diferentes. Por isso, não há aqui a ideia de fazer diferente do primeiro. Eles são dois discos e há uma continuidade naquilo. A primeira música do novo disco é a que vem a seguir à última do anterior, na minha cabeça. Quando o disco sair agora, a 21 de Setembro, será já a versão com os dois discos juntos, que é como, basicamente, eu vejo aquilo. Por isso não houve uma contribuição muito grande dessa ideia, foi mais uma continuidade daquilo que estava a fazer.

E lançar dois discos num ano de crise?
Eu não tenho de fazer as coisas de outra forma porque a crise assim me deixa, tenho de fazer aquilo que eu quero. A queda da venda dos discos tem sido brutal desde há seis, sete, oito anos para cá. Eu não acho que lançar dois discos, meio disco ou só um vá fazer com que as pessoas os comprem mais ou menos. É indiferente. Eles vão parar à casa das pessoas na mesma, infelizmente de forma ilegal, mas vão lá parar na mesma. Não me preocupa o facto de lançar dois discos, é mais um desafio para mim e para as pessoas que acompanham o meu trabalho.

Tens tocado muito em Espanha e até já foste ao Brasil. É uma forma de exportar a tua música?
Sim, de não estar sempre aqui e de levar a música a outros sítios. E tem sido brutal. Em Espanha, uma das coisas que me orgulha muito é conseguir fazer sempre espectáculos de casa cheia, tanto em Madrid como em Barcelona. O público tem crescido lá e eu gostava muito de conseguir expandir mais um bocadinho, para longe das grandes cidades. É difícil, porque eu canto em inglês e Espanha tem um mercado claramente cantado em espanhol. Eu entro naquela gaveta da música indie por cantar em inglês, o que é estranho para mim porque não acho que faça música dentro dessa gaveta. No Brasil, começámos agora. Vamos voltar lá no início do próximo ano, vamos lançar lá o Seasons: Rising e o Falling, há muitas coisas para fazer. E sim, são tentativas de exportar a música.

Tens conseguido, no fundo, fazer a internacionalização do teu trabalho.
Eu acho que há uma ideia de internacionalização… O povo português só reconhece as coisas quando há alguém a ganhar um prémio ou quando é tão notório o sucesso que as pessoas não conseguem continuar cegas em relação a isso. A internacionalização passa muito por estar lá fora e não necessariamente com o brutal sucesso que isso possa ter. Nós temos tido sucesso mas muito menos do que aqui em Portugal. Mas temos conseguido perseguir isso, o que também é internacionalização, não é só o sucesso.

O povo português também tende a criticar o cantar em inglês. O comentário recente do Vitorino centrou-se nisso mesmo e despoletou várias reacções. Concordas com o Hélio Morais (Linda Martini e PAUS), quando diz que se deve “cantar na língua em que uma pessoa se sinta confortável”?
Eu acho que devo fazer aquilo que me apetece. Basicamente, é isso. E não consigo dizer mais do que isso. Uma das coisas que eu não queria era partir para o caminho em que os artistas estão a falar dos outros artistas, não compreendo. Nem sequer vou continuar esse assunto porque é uma discussão inútil.

O que é que te apetece fazer agora?
Apetece-me fazer uns dias de praia, se conseguir. Apetece-me lançar o Seasons: Falling e começar a ensaiar os espectáculos que vamos fazer em teatros até Dezembro – vamos fazer muitos teatros pelo país fora com o novo disco, o que é uma coisa com que eu estou empolgadíssimo. E vai haver outras surpresas. Eu estou envolvido em outras actividades que ainda este ano vão ver a luz do dia, como a fotografia. Há muitas coisas a acontecer até ao início de 2013, pelo menos.

O que é que ainda te falta fazer?  
Tudo. Como a toda a gente. As pessoas olham para trás com a sensação de que já está muita coisa feita e eu odeio isso. Eu não consigo olhar muito para trás nem entender o que lá está. E é muito mais interessante tudo aquilo que vem para a frente, porque é isso que me desperta a fazer outras coisas, a estar com outras pessoas, a querer desafiar a minha criatividade.

Vê aqui como foi o concerto de David Fonseca nas Festas do Mar 2012, em Cascais.

8 Aug 2012

Salto. De gigante

 
Do Super Bock Super Rock para o palco da Fnac Chiado há uma distância considerável. Não para os Salto que conseguiram, com a sua música de compassos frenéticos e refrões catchy, encher tanto um quanto o outro. (É difícil não desejar que a ordem destas actuações se tivesse invertido para dar mais rodagem à banda.)

A promover o disco de estreia, homónimo, os Salto deram no dia 30 de Julho talvez o único showcase da história da Fnac com direito a encore.

No palco, uma parafernália de instrumentos aguardava a banda - a Luís Montenegro e Guilherme Tomé Ribeiro juntou-se Tito Romão, que acrescenta a sua bateria às guitarras, baixos, teclados e sintetizadores espalhados entre microfones, cabos e pedais.

Num concerto de uma hora, os Salto passaram pelas músicas mais mexidas, que o público acompanhou sem timidez, até que 'Deixar Cair' fez a delícia de toda a gente. Gente muito nova - também os Salto o são - a explicar porque temas como 'Por Ti Demais' se tornaram banda sonora deste Verão.

Com sotaque do Norte, os rapazes interagem com o público e trocam piadas entre si. Pousam as guitarras para 'Sem 100', uma mistura de botões e voz em português que vicía e transpõe as fronteiras da música nacional.

O público pede mais uma e os Salto querem aceder. Abre-se espaço para pedidos e, no meio de gritos entusiasmados de quem se sente parte da actuação, alguém reclama "tudo de novo". 'Poema de Ninguém' é muito "calminha" e 'Deixar Cair' ainda há pouco foi tocada. A banda parece não querer deixar o palco e acaba por oferecer 'O Teu Par' e 'Coração Bate Fora'.

Apontados como uma das revelações recentes da música portuguesa, os portuenses Salto fazem lembrar Arctic Monkeys, Arcade Fire e Pet Shop Boys. Têm disco muito recente, que já recolheu o aval da crítica. Andam a percorrer os festivais desta temporada com um destaque ousado e bem merecido. A 13 de Agosto tocam no Palco Vodafone FM do EDP Paredes de Coura.

Ficam algumas fotografias da apresentação na Fnac Chiado.


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They played at Super Bock Super Rock in July. Now they've been presenting their first album in Fnac stores all over the country. Salto are one of the biggest promises of the Portuguese musical scene and a breath of fresh air.

With catchy lyrics and a frenetic pace, their songs have installed themselves as the soundtrack for this Summer. An entire audience proved it by singing along with Salto at Fnac Chiado, on July 30th.

The small stage of the store was even smaller to host the variety of instruments that the band carry around everywhere - guitars, bass, drums, several keyboards and synths. Luís Montenegro, Guilherme Tomé Ribeiro and Tito Romão play all these instruments during the show and still manage to amuse the audience with their nice words.

Songs such as 'Deixar Cair', 'Por Ti Demais' and 'Sem 100' are among the most popular ones and reflect influences of Arctic Monkeys, Arcade Fire and the Pet Shop Boys.

At the end of the showcase, people were screaming for more. Salto came back to the stage to perform what the crowd requested. Being impossible to play everything again, as one member of the audience suggested, they went with 'O Teu Par' and 'Coração Bate Fora'.

On August 13th, Salto add one more name to the list of Summer festivals they have played at this year (EDP Paredes de Coura). The tour has been focusing on their recently launched first album, available here.