23 Jul 2014

Amy.


It's 3 years today since Amy Winehouse passed away. A great loss.

I don't really now why but when I want to listen to her voice I always go back to this video of the 2008 concert at Glastonbury. Maybe it's because she was already that persona from the time of her career when she was most famous. The huge hair, the retro random tattoos and those kind of constantly drunk moves... Or maybe it's because in spite of that she manages to look truly happy and in love. It's a very honest performance, if you ask me.

Anyway, this is Amy Winehouse for me and the reason I'm sorry I never got to see her perform live.

PS. Sorry I've been away, folks.



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Passaram três anos desde a morte de Amy Winehouse. Longe de ter sido alguma vez uma grande fã, há um registo da cantora a que volto recorrentemente.

E falar em Amy Winehouse é falar neste concerto de 2008 no festival Glastonbury. Talvez porque esta seja já a Amy-personagem criada por uma cantora verdadeiramente talentosa e que a fixou na mente da opinião pública. O cabelo enorme, as tatuagens retro, aquele andar/dançar inconstante de quem está sempre bêbado.

Talvez seja porque, apesar de tudo isto, a Amy-personagem consegue ser a Amy Winehouse, a cantora talentosa, aparecendo ao público como uma pessoa simples, feliz e apaixonada. Basicamente, é uma apresentação muito honesta. E faz-me ter uma enorme pena de nunca a ter visto ao vivo.

PS. Desculpem-me a ausência.

17 Jun 2014

How To Dress Well featured on Pitchfork



Pitchfork released another cover story and we already know what to expect: a long piece of text to scroll through and cool compositions of pictures from the featured artist. And playlist to go with it.

While they can kiss the surprise factor goodbye, Pitchfork doesn't stop amazing me. This time they took How To Dress Well's Tom Krell, who is about to release a new album next June 23rd (What Is This Heart?), and portrayed him as this much happier character. At least, happier than he was in Love Total Loss (2012) and Love Remains (2010).

And that shows in the look and feel of Pitchfork's story which is so worth reading! Tom Krell is happy (not in a Pharrell kind of happy, of course) around these colourful bubbles floating around the words. As he puts it, "I'm way less unhappy than I've been, which is cool, I'm into it".

As for the music, don't worry, it's still good.
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O novo artigo de fundo da Pitchfork não surpreende pelo modelo (já nos habituámos ao texto em scroll, aos ensaios fotográficos animados, à playlist do artista que vai tocando lá no fundo). Mas apesar de ter perdido o factor surpresa, consegue continuar a surpreender-me.

Desta vez, conseguiu-o com uma entrevista a Tom Krell como How To Dress Well, que se prepara para lançar novo disco, a 23 de Junho. Chama-se What Is This Heart? e, a julgar pela história da Pitchfork, apresenta um músico mais feliz do que aquele que era projectado em Love Total Loss e Love Remains (2010).

A Pitchfork soube aproveitar essa nova leveza de Tom Krell e traduziu-a num artigo em que proliferam as cores, a lembrarem bolas de sabão. Ele também diz que está mais feliz. Ou melhor, que está "menos infeliz".

Já a música continua boa.






29 Apr 2014

Beautiful concert posters #3


Beautiful concert posters #2



19 Apr 2014

Built on Glass: obrigada, Chet Faker


Chet Faker já tinha anunciado o disco de estreia há algum tempo. Andávamos à espera deste álbum (e a passar o tempo a ouvir as colaborações com Flume) desde que o músico australiano começou a dar que falar com a sua versão de 'No Diggity'.

Já tínhamos ouvido 'Talk is Cheap', single de avanço, e tínhamos gostado da música e do vídeo. Mas ninguém estava preparado para um trabalho tão bom, assim, à primeira.


Built on Glass tem tudo bem feito. (Até uma edição em vinil que é um mimo.) Entra-se com 'Release Your Problems' e é mesmo isso que acontece. Nas onze músicas que se seguem não há lugar para preocupações ou más disposições. Existe apenas a voz profunda de Chet Faker do lado de lá, uns beats bem pensados e muita soul. Dizer que é música para relaxar é redutor porque, na verdade, o que ela faz é transportar-nos para um universo paralelo em que é impossível não reparar nos infinitos pormenores de cada faixa. E parece ter havido tempo para tratar cada um desses pormenores, como se este fosse um disco sem pressas nenhumas.

'Gold' vai tornar-se viral em breve, sem dúvidas. 'Cigarettes & Loneliness', por outro lado, deverá ficar longe das rádios (afinal, são quase oito minutos de divagações com variações melódicas inconsistentes; brilhante). 'Dead Body' é a última e, até agora, uma das preferidas.

Oiçam, a sério.

A after-party dos Broken Bells


Aquele momento em que percebes que um dos gajos dos Broken Bells é, na verdade, o gajo dos The Shins.

É verdade. James Mercer é metade dos Broken Bells e, com Danger Mouse, dá vida ao projecto que produziu um dos discos mais interessantes deste ano: After the Disco. E é mesmo perfeito para isso. Este álbum é um conjunto de músicas "mellow" que não chegam a tornar-se pegajosas Em vez disso, mantêm-nos no universo psicadélico da electrónica (aqui, a disco), um limbo entre a trip e a ressaca. São músicas que nos agarram e deixam a flutuar sem nunca cair.



PS. 'Angel and The Fool' faz parte deste trabalho e é uma das músicas mais bonitas deste ano. Procurem por aí, que vídeos não há muitos.

Documentários da Pitchfork. O quê?!

Parece que existem umas coisas que são os documentários da Pitchfork que só agora descobri. Ouro.

RIP 285 Kent


Revolutions Per Minute: The State of the Vinyl Music Business


Andrew Bird: 'Hands of Glory'


Kendrick Lamar: Radio Run

Django Django contam-nos histórias de embalar


Com o Record Store Day a criar filas à porta das lojas de discos um dia antes do arranque oficial, viramos atenções para os lançamentos especiais que chegam com o terceiro sábado do mês de Abril, esse que já é conhecido como um dos melhores dias para os fanáticos da música.

A editora independente Night Time Stories tem vindo a convidar vários artistas para participarem nas colectâneas Late Night Tales e o mote deles convence qualquer um: "music and stories worth staying up for". A ideia é simples: a curadoria de cada edição, em cada ano, é entregue a um artista convidado. Cabe-lhe ainda a tarefa de incluir na tracklist uma cover feita por si.

Este ano, são os Django Django os responsáveis pela Late Night Tales, uma lista que vai incluir nomes como Philip GlassThe Beach BoysMassive AttackTNGHT e Outkast quando for divulgada, a 12 de Maio. Os britânicos escolheram 'Porpoise Song' dos The Monkees e a sua versão psicadélica ficou assim.



As últimas edições da colectânea foram entregues a ilustres convidados como The Flaming Lips (2005), Belle & Sebastian (2012), Nouvelle Vague (2007), Matt Helders (Arctic Monkeys, 2008), MGMT (2011), Metronomy (2012), Friendly Fires (2012) e Bonobo (2013). 

Uma preview do álbum curado pelos Django Django pode ser ouvida aqui.

16 Apr 2014

Forest Swords e Fuck Buttons passam por Lisboa em Maio

Forest Swords

Para quem anda distraído, aqui ficam duas recomendações de concertos que vão de certeza passar despercebidos à maioria. E depois, no próximo ano, quando estes artistas aparecerem no Optimus Alive ou noutro palco grande, vão pensar "ah, já tinham vindo a Portugal? Nem soube". Já, sim senhor.

Forest Swords

Musicbox
6 Maio, 22h30
€10

Para a Pitchfork, Engravings é digno de um 8.5 nas reviews do guru da música alternativa. O disco de de Forest Swords, projecto do produtor britânico Matthew Barnes, é uma das grandes promessas da electrónica experimental. A mistura é interessante: do hip hop ao dubstep, passando pelo R&B e com toques de pós-rock e breakbeats. As etiquetas são desnecessárias. O que é preciso saber é que Forest Swords sobe ao palco do Musicbox no dia 6 de Maio, logo depois da actuação de Black Koyote (José Alberto Gomes).





Fuck Buttons
Lux Frágil
22 Maio, 23h00
€15

A Pitchfork foi ainda mais generosa com Slow Focus, disco do duo Fuck Buttons, formado por Andrew Hung e Benjamin Power. Deu-lhe 8.7 e lançou para a ribalta este projecto que pende tanto para o experimental quanto para o psicadélico.



Muita curiosidade para ver estes dois nomes. Depois não digam que não avisei.


‘Heart and soul’: Peter Hook, de alma e coração em Lisboa


Cerca de um ano depois de ter estado em Portugal, Peter Hook regressa ao país que sabe acolhê-lo bem. O motivo é nobre e apelativo: acompanhado da banda The Light, tocará três vezes álbuns de Joy Division que ficaram para a história, marcaram gerações e continuam a estar entre os mais ouvidos e aclamados pelos entendidos. O mote está lançado; a expectativa é grande quando, com várias semanas de espera em cima, vamos finalmente ao Armazém F, Lisboa, a 12 de Abril para o reencontro com Hooky, o baixista das linhas icónicas sem as quais o som de Joy Division não seria o mesmo; o músico que continuou a subir aos palcos com New Order;  o embaixador dos primórdios do pós-punk e da synthpop.

Um currículo que não lhe pesa em cima e é assim mesmo, sem presunções, que Peter Hook faz a primeira parte do seu próprio concerto. Serão sete as músicas da apresentação inicial. Mas o público dispensa apresentações e reage logo ao primeiro som, depois da entrada simples de Hook and The Light no palco do antigo TMN Ao Vivo (que perdeu um bocadinho do carisma na retroversão para Armazém F). ‘Your Silent Face’ abre o alinhamento e melodia faz-nos entrar imediatamente no “mood” de regresso ao passado. Mesmo aqueles que (como eu) só há poucos anos conheceram os nomes de Hook e Curtis (e Bernard Sumner e Stephen Morris). Os quatro criaram, em 1976, a tímida banda Warsaw, que viria a dar origem a um dos maiores mitos/lendas da nossa música: os Joy Division.


É esse mito/lenda que leva jovens com pouco mais de 20 anos e marcarem presença nas primeiras filas para Peter Hook. Jovens de cabelos curtos, uns azuis, outros avermelhados, que sentem aquelas músicas de olhos fechados e emoção no rosto como se lhes estivessem a ser dadas a ouvir em primeira mão. À geração “o Ian Curtis é uma lenda”, como se ouve pouco antes de o concerto começar... Na verdade, este alinhamento provocou o mesmo entusiasmo nos jovens de há vinte anos, que ocupam agora as últimas filas da sala. A mesma emoção estampada no rosto, o mesmo transe. Um encontro de gerações a viver com intensidade partilhada um concerto que poderia bem roçar a decadência em que caem frequentemente os reencontros de bandas únicas ou os revivalismos da eterna vivência no passado glorioso. 

Parece que é mesmo isso que vai acontecer quando Peter Hook sobe ao palco com uma tshirt do Top Gun demasiado justa nas zonas onde a idade não perdoa. Mas enganamo-nos e reajustamos expectativas logo quando ‘Senses’ se faz ouvir. Entramos no universo do salão de jogos para que nos atiram sempre os New Order. ‘ICB’ confirma a analogia, mas ‘Age of Consent’ faz-nos mudar logo de cenário. O público trauteia os acordes iniciais. Repetitivos, cativantes, inevitáveis. A bateria a estalar, as cordas a rasgar e a voz lá ao fundo, pequenina como é a de Hook, a desaparecer por trás dos ecos do público transportam-nos para uma qualquer cave do Reino Unido. Talvez o Music Box, em Manchester... (Ah, o encanto dos espaços pequenos.) 

Peter Hook vai piscando o olho ao público, que lhe devolve de imediato o "flirt". Chama-lhe “Hooky” antes de ‘Leave Me Alone’, propõe-lhe casamento enquanto não chega ‘Ceremony’. O baixista há-de retribuir lá para a frente, tocando quase em cima da plateia (sem vaidades ou pose de estrela), distribuindo água e cigarros. O aquecimento não poderia terminar sem ‘Blue Monday’ e os espectadores sabem disso. É a melhor forma de começar a segunda parte, depois de um intervalo em que reparamos na quantidade de tshirts de Unknown Pleasures ali presentes. (Apenas uma dissidente ousa provocar com o não menos icónico símbolo dos Ramones. Esta coisa das bandas que vendem mais tshirts que discos...) O cenário não deixa margem para dúvidas: a capa daquele álbum e a de Closer são panos de fundo do palco.




‘Atrocity Exhibition’ faz-se ouvir no regresso ao palco para, agora sim, dedicar o alinhamento à discografia de Joy Division. Numa inversão cronológica toca-se primeiro Closer (1980) e só depois Unknown Pleasures (1979). 

‘Isolation’ recupera a energia que tinha caído ligeiramente e é incrível como o público se entrega à celebração. O ritmo a que as músicas se sucedem vai manter-se acelerado durante todo o concerto (que, mesmo assim, acaba por durar três horas, com várias pausas pelo meio, é certo, mas mesmo assim impressionante). Logo depois de ‘A Means To An End’, que merece destaque pela beleza do momento a que deu origem, arranca ‘Heart and Soul’. É aqui que se confirmam as certezas: esta noite é para celebrar o imaginário Joy Division e Peter Hook está comprometido com essa missão de alma e coração. Perdoem o trocadilho, mas descreve bem a noite, em palco e do outro lado. Os poucos resistentes descolam do chão e há até quem tente copiar os movimentos marcantes do inimitável Ian Curtis. E que pena que o próprio Hook tenha apanhado alguns dos maneirismos do vocalista – por força da convivência ou em prol da preservação da memória colectiva (e do “showbiz”). Lá se redime sempre que vira a página do livro de cábulas das letras das canções. 

‘Decades’ anuncia mais uma pausa e o "frontman" deste espectáculo deixa os The Light a tomarem conta do instrumental da última faixa de Closer. Pouco depois retoma-se o ritmo com ‘Digital’, num tom mais acelerado que vai marcar a terceira parte da noite. E aqui vai tocar-se não só Unknown Pleasures como também outras edições da banda de Manchester. O público acompanha: “day in, day out, day in, day out...”. Estamos de volta ao ambiente "underground". 

Vai ouvir-se logo a seguir “I've got the spirit, but lose the feeling, feeling, feeling…” de ‘Disorder’. E o público pergunta, já em ‘Day of the Lords’, “where will it end? Where will it end?”. Refrões catárticos que fazem parte das estórias de todos nós. ‘New Dawn Fades’ cria um impressionante momento de boa música, mas a partir de agora já só queremos ouvir “aquela”. E então surgem ‘She’s Lost Control’‘Shadowplay’. Na primeira identifica-se alguma resistência do público, a contrastar com a própria mensagem da música, mas na segunda logo desaparece o descontrolo civilizado da audiência. 


‘Interzone’ e ‘I Remember Nothing’ abrem caminho para nova paragem e a recta final. Mas desengane-se quem espera um encore rápido e simples. (Re)Começamos com a muito aguardada ‘Atmosphere’ e, continuando um ritmo mais calmo, ‘Dead Souls’. Porém, chega logo ‘Warsaw’ para surpreender e atirar a sala para a euforia de ‘Transmission’. Os saltos são inevitáveis. A imaginação faz ver Ian Curtis a dançar no palco enquanto o público interioriza “dance, dance, dance to the radio"

Como o próprio Peter Hook explica, a noite não podia acabar de outra forma que não fosse com ‘Love Will Tear Us Apart’. E apesar de dedicar a música às senhoras, não são apenas as vozes femininas que acompanham a letra. Não há momentos lamechas a fechar o concerto, nem poderia haver já que o público começa logo a entoar os acordes da última música em tom de festa. (Exactamente como se faz cada vez que toca ‘Seven Nation Army’ dos White Stripes.)

O concerto termina alguns minutos e muitos aplausos depois. Não fica a faltar nada. A alma e o coração estão satisfeitos.

3 Apr 2014

Beautiful concert posters

17 Mar 2014

Da crise de identidade dos Foster The People à consagração de The Legendary Tigerman

http://www.scoop.co.nz/stories/CU1401/S00228/foster-the-people-set-to-release-supermodel.htm

Hoje fui brindada com dois emails simpáticos. O primeiro dava conta do lançamento do novo álbum dos Foster The People, disponível para ser ouvido no Spotify (que é só a melhor coisa que inventaram desde a roda, acreditem). O outro convidava-me a conhecer o novo disco de The Legendary Tigerman.

Lá me perdi a conhecer os novos trabalhos, incomparáveis em géneros, claro, mas com expectativas igualmente elevadas. Os Foster The People não traziam nada de novo desde o genial Torches de 2011 e o português Tigerman deixou uma vontade enorme de ouvir as músicas novas quando as apresentou ao vivo no Vodafone Mexefest, em Novembro.

O regresso dos californianos que deram ao mundo 'Pumped up Kicks' andava a fazer-me uma comichão enorme desde que ouvi o single de avanço. 'Coming of Age' não soa a Foster The People, se é que se pode definir o som característico de uma banda que produziu apenas um álbum... Torches é demasiado coerente de faixa para faixa para que não se cole à banda americana o rótulo de indie rock. É demasiado coeso para negar este bilhete de identidade construído por músicas como 'Helena Beat' e 'Don't Stop (Color On The Walls)'.

Diz-se que ao segundo álbum as bandas se vão abaixo. Os Foster The People conseguiram entregar a primeira verdadeira desilusão do ano naquele que é o seu segundo registo longa duração: um conjunto de canções que apaga a identidade criada a partir de 2011 e reduz (muito) a vontade de ver a sua estreia em Portugal, no Optimus Alive 2014.



Quem também já passou pelo festival do Passeio Marítimo de Algés é The Legendary Tigerman. Mas sem falhar sequer um milímetro nas expectativas. Do novo disco, True, já muito se conhecia. 

'Do Come Home' é quente e solarenga, perfeita para single de avanço. 'Wild Beast' é um clássico Tigerman e vinca o travo bittersweet que não pode faltar aos blues. 'Twenty First Century Rock'n'Roll' ficou no ouvido desde o Vodafone Mexefest, já lá vão quatro meses. Meses de teasers a levantar a ponta do véu sobre um dos trabalhos portugueses mais aguardados este ano.


Tigerman não desilude e destrona os Foster The People no meu top de álbuns mais tocados do Spotify esta semana (já vos disse que é a melhor coisinha que aí anda?).