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15 Oct 2013

Só por ser Outono

bruce-wayne-photography.com

Texto originalmente publicado em Look Mag


Sim, o Verão já lá vai e não vale a pena continuar a chorar pelo fim dos sunsets e da época alta de ‘Get Lucky’. É que o Outono já aí está e vem cheio de músicas boas – umas novas, outras mais antigas. Por isso, e para converter os haters desta estação, aqui fica uma sugestão de músicas que caem mesmo bem nesta altura. Para acompanhar um bom livro lido no sofá, de manta nas pernas e chá entre mãos.



‘Heavy Feet’, Local Natives

O concerto dos Local Natives em Lisboa aproxima-se (é já a 17 de Novembro) e, ao mesmo ritmo, cresce a vontade de redescobrir a banda americana. ‘Heavy Feet’ é das preferidas aqui por estes lados. E tem andado a rodar muitas vezes, enquanto se vê pela janela os dias a acabarem cada vez mais cedo.






‘Indie City’, Pixies

Quem também vem a Lisboa vem fazer uma visita são os Pixies. Oportunidade ideal para conhecer as novas músicas desta banda que é, mais que isso, um ícone. Este ‘Indie City’ faz parte do EP lançado ainda no Verão, mas que vai saber ainda melhor agora. À confiança.






‘You Swan, Go On’, Minta & The Brook Trout (cover de Mount Eerie)

Para bem receber o Outono, Minta & The Brook Trout lançaram Out of Washington State, um EP digital que não podia ter mais que ver com estes dias. São sete canções com registo intimista, entre músicas próprias e versões de artistas como Mount Eerie e Beck.






‘Mad Sounds’, Arctic Monkeys

(Não, esta lista não se faz só de guitarras calminhas…) É talvez a faixa mais outonal do novo disco dos Arctic Monkeys, AM. Os coros de “uh la la la” puxam à nostalgia da estação. Como se ‘Mad Sounds’ fosse a música ideal para ouvir no fim da noite, a ir para casa, depois da festa de ‘Do I Wanna Know’ ou ‘Fireside’.






‘Outono’, Tiago Bettencourt

A voz de Tiago Bettencourt cai como uma luva no cenário que já desenhámos. E, nem de propósito, o músico deu-nos a conhecer uma versão recente da música ‘Outono’. Gravada entre folhas secas, tem a colaboração de Fred Ferreira e não podia ser mais perfeita para fechar esta playlist.

Sugestão: passar estas músicas para o iPod e ouvi-las a descer a Avenida da Liberdade, numa tarde de céu limpo, de mãos nos bolsos e phones nos ouvidos a bloquear a agitação da hora de ponta. Com sorte, ainda se apanha o cheiro das castanhas assadas no Marquês.




O Urban Blues recomenda:
Para esquecer o trabalho e o escritório: ‘Don’t Save Me’, Haim
Para recordar um clássico: ‘Canção de Engate’, António Variações
Para ver a chuva a cair do outro lado da janela: ‘The Breeze’, Bill Callahan
Para expandir horizontes: ‘Vi Morrer um Verso’, Reflect
Para bater com o pé no chão: ‘Lightning Bolt’, Jake Bugg em cover de Deap Vally
Para combater o mau feitio (ou abraçá-lo plenamente): ‘No Romance Without Finance’, Tape Junk

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To say goodbye to Summer we shall put 'Get Lucky' to rest and replace it with a bunch of Autumn songs. Here's a playlist with plenty of suggestions for those days of staying in bed with a book and a cup of tea.

15 Sept 2013

Festas do Mar 2013: Tiago Bettencourt, Expensive Soul e Xutos e Pontapés


Xutos e Pontapés, o inevitável nome para o inevitável fim das Festas do Mar 2013. Foram dez dias de concertos, que, nas últimas noites, tiveram ainda Tiago Bettencourt e Expensive Soul.

Muito especial
Tiago Bettencourt é um veterano. Prova-o o acústico que acaba de lançar em celebração dos dez anos de carreira. Prova-o também a força com que agarrou o público de Cascais, no seu jeito calmo e intimista, com canções que são poemas musicados e autênticas baladas de peito aberto.

'Só Nós Dois', 'Parece que o Destino nos Quebrou' e 'Largar o que Há em Vão' são canções destas. E foram as primeiras a soar na Baía, abrindo um alinhamento onde não faltaram os êxitos comerciais, como 'Canção Simples', 'O Jogo', 'Laços'. Lá para o final, viria 'Carta'.

Não só as músicas mas também o local fizeram deste um concerto especial para Tiago Bettencourt, como o próprio músico fez questão de salientar por ter vivido em Cascais. Igualmente especial foi a participação de Inês Castel-Branco em 'Tens Que Largar A Mão' e 'Se Cuidas de Mim'. Amiga de Tiago Bettencourt, a actriz ajudou a protagonizar alguns dos momentos mais bonitos das Festas do Mar, deste ano.

Mas este não é apenas o Tiago Bettencourt que nos habitou aos temas tristes e melancólicos. Do piano para a guitarra, o músico dá um registo mais folk ao concerto, descontraído e divertido, e apresenta mesmo versões muito próprias de 'Pó de Arroz' e 'Canção de Engate'. A abrir 'Só Mais uma Volta' ainda vai buscar Lou Reed e um dos refrões mais conhecidos de sempre, "take a walk on the wild side".

'Temporal' e 'Eu Esperei' fecham o concerto que, apesar de longo, passou bastante depressa. E soube bem voltar a ouvir Tiago Bettencourt, que vai muito para além da faceta mainstream que as rádios imprimem às suas músicas.

Bounce, bounce!
Lembrei-me da primeira vez que vi Expensive Soul ao vivo. Foi no Pavilhão dos Lombos, em Carcavelos, e já passaram quase dez anos. A dupla que subiu, este ano, ao palco das Festas do Mar é sem dúvida muito diferente.

Músicos mais maduros, New Max e Demo conquistaram um lugar no panorama português. Entre os discos que lançam enquanto dupla, vão sendo chamados por outros músicos para ajudar na produção dos seus trabalhos. Aprenderam a dar espectáculos e espectáculo, suportados por uma fama que ganharam recentemente e que esgotou completamente a Baía. Suportados também por uma incansável Jaguar Band, que enche de soul - e boa música - as suas rimas.

E aprenderam a fazer-se valer do estatuto de vedetas a que parecem ter ascendido, dando-se ao luxo de interromper músicas quando o público não acompanha na medida desejada. Direito legítimo, atenção, mas não perante uma das maiores enchentes que as Festas do Mar viram este ano.

Ninguém levou a mal e as pessoas até começaram a responder (ainda) mais quando, a meio caminho do fim, se pede à '1ª fila' que salte, "bounce, bounce!". Antes e depois, saíram os maiores sucessos da banda de Leça da Palmeira: '13 Mulheres', 'O Amor é Mágico', 'Falas Disso', 'Brilho' (de que já nem nos lembrávamos) e, a fechar, 'Eu Não Sei'. Espaço ainda para 'Machadinha', tema gravado para a Missão Sorriso de 2010. Um concerto eficiente, que se manteve dentro dos limites.

'Para sempre'
Português que se preze não perde uma oportunidade de ver Xutos e Pontapés ao vivo. A banda que já leva 34 anos continua a mover multidões. E é por isso que, da primeira fila, se continuam a estender braços sucessivos com lenços vermelhos nos pulsos. Braços de pais, mães e filhos. Até de avós. A banda atravessa gerações mas continua a despertar a mesma adesão. A diferença é que, agora, as promessas "Xutos Sempre" se escrevem em tablets e não apenas em cartazes. (Outro sinal dos tempos: 'Privacidade', música nova, tem mão do DJ Cruzfader.)

Do palco, a mesma energia e uma felicidade palpável de quem está ao lado de grandes amigos. Zé Pedro, Kalú, Tim, João Cabeleira e Gui reflectiram isso mesmo nas mais de duas horas de concerto que levaram ao sítio que tão bem conhecem, a Baía de Cascais. Em repetidos momentos, o grupo recuou, alinhando junto à bateria de Kalú e aí desenrolou hinos que já são demasiados para enumerar.

E, mesmo assim, a banda continua a produzir novo material, que teve destaque nesta noite. Fala-se, por exemplo, de 'Cordas & Correntes', 'Independência' e 'Da Nação'. Mantém-se o tom interventivo ou não fossem estes os Xutos e Pontapés e, assim, não poderia faltar o desafio de Kalú (já espreitaram o seu projecto a solo?): "Coelhinho, se eu fosse como tu, pegava na Troika e enfiava-a no..."

Esta é uma das melhores fases da vida dos Xutos - renovada, viva, feliz. Prova-o a recusa de Zé Pedro em deixar o palco, ao fim do segundo encore. O público também não admite ir embora sem ouvir 'Maria' e, perante o novo regresso da banda, volta a prometer-lhe fidelidade eterna. 'Para Sempre'. (A música que ficou a faltar...)

4 Feb 2012

Em bom português

Há coisas que só podem ser ditas em português.