24 Nov 2012

Talkfest ’13: falar de música com música



Texto originalmente publicado em Look Mag
Por que é que há cada vez mais pessoas nos festivais de música? De onde vem o interesse das marcas nestes eventos? Os festivais portugueses vão crescer ou entrar em declínio? Estas perguntas vão estar em destaque no Talkfest ‘13, ciclo de conferências e concertos para falar e ouvir boa música.
Depois do sucesso da primeira edição, o Talkfest regressa em 2013 e acontece 6 e 8 de Março no ISEG. Os oradores anunciados convencem a garantir já a entrada para o evento e incluem nomes como António Freitas (Antena 3 Rocks), Joaquim Albergaria (PAUS), Hunter Halder (Re-food), Rui Miguel Abreu (Antena 3/Blitz) e Zé Pedro (Xutos e Pontapés).
Num evento sobre música, não podiam faltar concertos e o cartaz juntou algumas das bandas nacionais de quem mais se fala ultimamente. E há razões de sobra para falar delas, mais ainda para as ver ao vivo na Aula Magna (por 10 euros).

Capitão Fausto (6 Março)
Tiveram uma ascensão meteórica e percebe-se porquê. Trouxeram uma lufada de ar fresco à música portuguesa com a sua pop progressiva e instalaram-se entre os nomes mais interessantes das bandas actuais. Gazela é o primeiro disco editado pelo grupo, do qual fazem parte Tomás Wallenstein, Domingos Coimbra, Manuel Palha, Francisco Ferreira e Salvador Seabra. Materializam influências de Arctic Monkeys, Beatles, Tame Impala, Jimi Hendrix e Pink Floyd.
Depois de um Verão preenchido com actuações em palcos importantes, desde o Super Bock Super Rock ao Paredes de Coura, sem esquecer o Bons Sons, continuam cheios de vontade de trabalhar. No último mês lançaram dois novos telediscos (‘Verdade’ e ‘Sobremesa’) e continuam a preparar o próximo álbum.


Salto (6 Março)
Do Porto têm chegado bandas de talento enorme e ímpar. Os Salto são um desses fenómenos recentes e trazem melodias frenéticas com refrões que ficam logo no ouvido. É música jovem com cor e muita qualidade. Guilherme Tomé Ribeiro e Luís Montenegro fazem misturas fora de série e música muito boa. Os primos formam a dupla que está a conquistar um lugar (merecido) no panorama nacional, daqueles que duram uma vida. Fazem-se acompanhar de Tito Romão na bateria.
O álbum homónimo está praticamente todo a rodar pelas rádios nacionais. Nas redes sociais, o campeão de partilhas mais recente é a remistura que os Salto fizeram do single ‘Verdade’, dos Capitão Fausto.


doismileoito (7 Março)
Também do Norte, os doismileoito não nasceram em 2008. Pedro Pode, Nicolau, André Aires e Bruno Testo fazem parte desta banda, cujo primeiro trabalho se conhece em 2009 com disco homónimo. Dele sobreviveram até hoje singles bem conhecidos como ‘Bem Melhor’.
Com a calma de quem constrói sabiamente um legado, lançaram, em 2011, Pés Frios. O segundo disco trouxe singles que vão sobreviver longos anos (‘Quinta-feira’, ‘Pés Frios’, ‘Conta Contigo’). Dizem de si próprios que fazem canções para cantar, “letras para entoar e melodias para assobiar ou trautear” Não há dúvida de que há aqui poesia e música boa.


Os Pontos Negros (7 Março)
Foram dos primeiros a repescar o roquenrole à portuguesa e a fazer dele moda recente. O karma trouxe-lhes uma recompensa de peso este ano, quando tiveram oportunidade de gravar nos estúdios de Abbey Road o seu mais recente trabalho. Chama-se Soba Lobi e foi editado pela Optimus Discos, onde está disponível para download gratuito. São mais dez histórias – gravadas nuns impressionantes três dias - contadas ao verdadeiro estilo d’Os Pontos Negros: em articulação plena de guitarras e palavras.
Jónatas Pires, Silas Ferreira, Filipe Sousa e David Pires andam a promover este que é já o seu quarto disco de originais. A 13 de Outubro, montaram festa rija no Ritz Clube para a apresentação oficial de Soba Lobi.


PAUS (8 Março)
Foi depois da actuação brilhante no Optimus Alive ’12 que o nome PAUS começou a ser mais comentado, cá e lá fora. Nada mais merecido para a banda de Joaquim Albergaria, Hélio Morais, Makoto Yagyu e João Pereira. As baterias dominadas por Joaquim Albergaria e Hélio Morais lançam as bases ritmadas e poderosas do som verdadeiramente único dos PAUS; não há um vocalista definido e as poucas vozes que se ouvem nas músicas são abafadas pelos instrumentais. (Não foi à toa que a NME destacou a banda com uma entrevista depois do concerto do Alive.)
Verdade é que, mesmo com um repertório pequeno, os PAUS já tocaram em todos os grandes festivais em Portugal e têm tido concertos muito concorridos. Foi assim que encontram também um CCB, a 26 de Outubro, onde o álbum de estreia, homónimo, se apoderou do alinhamento.


O Urban Blues sugere:
Para celebrar os escassos raios de sol: 'A While Can Be a Long Time', You Can't Win, Charlie Brown
Para ler um livro à frente da lareira: ‘Airports & Broken Hearts’, Walter Benjamin
Para ouvir a caminho das manifestações: ‘Que Força É Essa’, B Fachada (Minta/João Correia)
Para aprender até ao Vodafone Mexefest: ‘Buffalo’, Alt J feat. Mountain Man

--

Our collaboration with Look Mag in November speaks about an upcoming event about music festivals that happen in Portugal. Not only there are more and more festivals but also they are being recognised out there for their great line-ups and ambience.


Talkfest '13
will take place between March 6th and 8th. Lots of guests will talk about their experiences in the music industry.

Such a music event couldn't happen without some of the most exciting bands right now. Paus, Capitão Fausto, Os Pontos Negros, Salto and doismileoito will be performing at Aula Magna, for 10 euros a night. Check the videos above to get to know the Portuguese bands.

19 Nov 2012

Passagem de ano com Dead Combo

Começam a surgir as primeiras sugestões para a passagem de ano. A Smog propõe uma ManiFESTA, com música dos Dead Combo para celebrar a meia-noite.

A Fábrica Braço de Prata abre portas a uma festa diferente. Dedicada à música e à cultura portuguesas,a ManiFESTA vai ter espaço e animação para toda a gente. A festa acontece em várias salas ao mesmo tempo e convida os participantes a circular entre os diferentes ambientes.


Para já, sabe-se que a música começa a partir das 22h30 e está a cargo dos Penicos de Prata, quarteto que vai buscar letras à poesia portuguesa e musica palavras de autores como António Botto , Ernesto Manuel de Melo e Castro , Fernando Pessoa e Adília Lopes.

Tó Trips e Pedro Gonçalves, cujo projecto conjunto ganhou novo fôlego este ano, compõem o grande nome desta festa. Lisboa Mulata é o último álbum da banda e deverá estar em destaque a 31 de Dezembro.

A noite tem ainda animação de Basttet & The Burlettes, companhia de dança burlesca, ou de inspiração vintage.

A entrada paraa ManiFESTA custa 20€ até 30 de Novembro, 25€ de 1 a 30 de Dezembro ou 30€ no dia 31 de Dezembro. A aquisição do livre-trânsito tem de oferta do kit adequado à temática da festa, incluindo uma mini e 12 tremoços.
--

Looking to spend new year's eve in Lisbon? Here's a party you would like to start 2013 in.

It will take place at Fábrica Braço de Prata and Portuguese culture is the main subject. Thus, music is secured by the Portuguese band Dead Combo (who recently appeared at Anthony Bourdain's show recheaging iTunes top spots in the US).

There will be a poetry session by Penicos de Prata, a quartet who puts poems by Portuguese writers into music. 

A burlesque group will bring some colour to the party.

Tickets for the ManiFESTA cost 20 euros until November 30th, 25 euros between December 1st and 30th and 30 euros on the day of the party.

18 Nov 2012

Alt-J live on KEXP


(Tanta vontadinha de ver isto ao vivo!)
--
(Can't wait to catch a live performance.)

13 Nov 2012

There Must Be a Place editado pela Optimus Discos


Catarina Salinas e Ed Rocha Gonçalves (Best Youth) e André Tentugal (We Trust) juntaram forças criativas num projecto diferente.

O que começou por ser uma tour por salas de Norte a Sul de Portugal, evoluiu para um registo diferente do planeado. Best Youth e We Trust tocavam músicas próprias, mas logo as bandas do Porto perceberam que o projecto tem uma identidade única. 

A 22 de Novembro, é lançado o fruto do trabalho desenvolvido na tour There Must Be a Place, sob a forma de um álbum com o selo da Optimus Discos. 

Até lá, os músicos vão continuar a preparar os espectáculos, marcados para as seguintes datas:
12 Dezembro 2012
Auditório Municipal de Vila do Conde
 

19 Janeiro 2013
Auditório Edifício da Moagem (Fundão)


2 Fevereiro 2013
Cine Teatro de Estarreja


9 Fevereiro 2013
Teatro Ribeiro Conceição (Lamego)
 

16 Fevereiro 2013
Centro de Artes e Espectáculos (Portalegre)


9 Março 2013
Centro Cultural de Belém (Lisboa)


13 Março 2013
Casa da Música (Porto)


16 Março 2013
Centro Cultura de Ílhavo (Ílhavo)
 

30 Março 2013
Casino Figueira


Fica o convite:
 


11 Nov 2012

Misty Fest: B Fachada, a.C. e d.C.


2012 foi um ano de viragem no estilo de B Fachada. O álbum Criôlo ("um disco cor-de-laranja", como explica de forma simples o músico) marca a inflexão para os sons electrónicos. As teclas e os botões substituíram ocupam agora o cenário das actuações de B Fachada, que levou o aparato ao palco do Centro Cultural Olga Cadaval, no segundo fim-de-semana do Misty Fest.

Ainda anda a promover Criôlo e já tem novo trabalho na calha (a reedição de Os Sobreviventes, de Sérgio Godinho, está disponível a partir de 12 de Novembro). A esta produção fértil nos habituou B Fachada, com os mais de dez discos lançados desde 2007. Sabemos também que se deve esperar uma reinvenção constante do músico. Foi com esta expectativa que o público entrou para a sala do Olga Cadaval; uma excitação notória, um entusiasmo pequenino mas sólido, de quem segue o artista há  algum tempo.

No palco, o sentimento era algo mútuo e B Fachada começa por dizer ser bom tocar em casa. Pede também que o público se levante, caso a diversão chegue a tanto (não chegou). Arranca logo com músicas de Criôlo, de onde é retirado 'Afro-xula', single que a audiência reconhece de imediato.

Vai buscar a guitarra, reminiscência de um tempo a.C. (antes de Criôlo), e interpreta 'Tema do Melancómico'. A ela volta algumas vezes durante o espectáculo. Deste tempo fazem parte muitas das músicas que o público vai pedindo, a dar provas de que há fãs de longa data no auditório.

Segue-se a homenagem a 'Carlos T' e o público mergulha nos anos 80. Por vezes, é difícil não nos imaginarmos a olhar para a cabine de um DJ (possivelmente, de uma discoteca africana). Noutras, imaginamo-nos num bar de karaoke (um karaoke "sofisticado", descreve o músico).

Pede-se um improviso e B Fachada foge ao alinhamento para aceder às vozes do público, sempre divertido e animado. O concerto entra na recta final quando se ouve 'Sozinho no Roque'; o músico multifacetado prescinde dos microfones e da spotlight (para pânico da produção) e vagueia pelo palco a entoar as suas letras acutilantes e às vezes provocadoras.

B Fachada ainda regressa ao palco duas vezes. Ouve os gritos da audiência e aceita tocar mais uma. 'Estar à Espera ou Procurar' fecha o alinhamento de uma noite que provou que B Fachada é um artista da nova geração da música portuguesa que, irreverente à sua maneira, consegue ser seguido por muitos e suscitar a curiosidade de outros tantos.

iTunes Festival 2012


We love videos of concerts. So, here's a bunch of them. iTunes Festival 2012 took place in London in September and we can now revisit the shows.
--
Gostamos de ver vídeos de concertos, é um facto. O iTunes Festival de 2012, que aconteceu em Setembro em Londres, traz agora um monte de vídeos de alguns dos artistas mais falados da actualidade.

Jack White

Mumford and Sons

Muse

Ed Sheeran

deadmau5

9 Nov 2012

Misty Fest: Supernada, os heróis da moral


Em dez anos de existência lançaram um único álbum. Tudo é possível para os Supernada, que retomaram actividade com o concerto no Cinema São Jorge, ao terceiro dia do Misty Fest.

É só ao fim de alguns temas que os Supernada cumprimentam o público com um "boa noite", repetido ao longo do concerto. Não são precisas muitas palavras para a banda que diz tudo na sua música - das reflexões pessoais às lições da moral pública. São elas que abrem espaço aos Supernada no meio da música alternativa, a par de uma sonoridade muito particular e única. Os concertos seguem esta linha, com a banda em tom reservado mas sem timidez na forma de tocar.

O principal responsável por este estilo está ao centro no palco, já sem tshirt, como é seu apanágio. Dá as costas ao público, enquanto bate nos pratos da bateria de Francisco Fonseca. Ao lado estão ainda Rui Lacerda (guitarra), Eurico Amorim (teclas), Miguel Ramos (baixo). É Manuel Cruz a alma dos Supernada, como o foi sempre em todos os projectos que foi somando ao longo dos dez anos que nos separam do fim dos Ornatos Violeta.

É ele que continua a escrever as letras marcantes e impressionantes que não encontram igual na música portuguesa. E é bom vê-lo em palco, a sentir cada palavra até ao seu significado mais profundo, e é essa a motivação principal do público presente na sala. Depois, há em si o génio musical, capaz de fazer música até com um iPhone - como mostrou no palco do São Jorge.

Tudo isto faz parte de uma banda madura e confortável no espectáculo ao vivo que, aliás, está agora a percorrer salas em todo o país. Ao mesmo tempo, os Supernada estão a dar destaque ao álbum Nada é Possível e acabam de lançar o vídeo para o tema 'O Meu Livro', que marca a recta final do concerto no Misty Fest.

Está previsto o encore da praxe mas, muito prático, Manuel Cruz salta o intervalo e os Supernada seguem para os últimos temas: 'Invisível Mundo' e 'Nova Estrela'. O público agradece com um aplauso sonoro.


Alinhamento
Quanto Tu Me Entregas | Nada de Deus | Ovo de Silêncio | Passar à Volta | Animais à Solta | Espuma | Manhã de Cinzas | Isto Não é Nada | Estética da Ética | O Meu Livro | Perigo de Explosão | Arte Quis Ser Vida | Letras Loucas | Lobos da Noite | Sonho de Pedra | Pai Natal | Anedota | Invisível Mundo | Nova Estrela

7 Nov 2012

Misty Fest: a nova geração de guitarristas


A edição deste ano do Misty Fest traz novidades. Com a expansão para Lisboa e Porto, o misticismo do evento nascido em Sintra alarga-se a outros pontos do país. Há também espectáculos diferentes no cartaz, como o que aconteceu no Cinema São Jorge, em Lisboa, a 2 de Novembro, sob o título Novas Guitarras Portuguesas.

Tó Trips, Filho da Mãe e Frankie Chavez juntaram-se para uma interpretação da tradição portuguesa. Primeiro um a um, depois em conjunto, os artistas nacionais deram provas da sua mestria atrás da guitarra portuguesa.

Tó Trips, o puro
O músico dos Dead Combo inaugura o palco. Em tom intimista, reservado até, capta a atenção do público com a sua apresentação acústica. Simples (e nem por isso menos brilhante), passa para a guitarra eléctrica antes de dar lugar a Filho da Mãe.

Filho da Mãe, o delirante
Rui Carvalho é o homem que dá vida ao projecto Filho da Mãe e à guitarra que agarra sem cuidados nem cerimónias. Toca com fúria e, ainda assim, tem a felicidade estampada no rosto. Leva consigo uma única guitarra - "dos trezentos", brinca. Compõe a apresentação com pedais delay, que acrescentam dimensão às músicas. o espectáculo cresce e vai culminar em 'Helena Aquática', epítome do estilo de Filho da Mãe.

Frankie Chavez, o romântico
E o mais multifacetado na apresentação ao levar consigo quatro guitarras, umas mais portuguesas do que outras. Frankie Chavez traz também o som mais internacional, com influências fortes do blues americano, e o conceito mais dinâmico - a sua loop station acrescenta mãos e guitarras invisíveis à apresentação. Em registo suave, mostra com a guitarra slide a sua perícia e justifica a presença no quadro da nova geração de guitarristas portugueses (ao qual falta, sem dúvida, Norberto Lobo).

Quando os três guitarristas se juntam em palco, é curioso ver a forma como integram as sonoridades, individualidades e personalidades distintas. Cada um lidera, consoante a autoria do tema apresentado em conjunto e essa harmonia satisfaz o público, que não quer ver acabar a noite. O regresso ao palco acontece a pedido da audiência e mostra que público e artistas seguem para casa de alma cheia.