27 Aug 2012

Festas do Mar 2012: David Fonseca


Foi entre duas estações e dois trabalhos que David Fonseca regressou à Baía de Cascais, para um concerto nas Festas do Mar 2012. A chuva, em noite de Verão, não demoveu os milhares de pessoas que ouviram temas de Seasons: Rising, lançado no início da Primavera, e ficaram com vontade de conhecer Seasons: Falling, que chega a 21 de Setembro.

Um alinhamento com oito dos 11 temas de Rising não fazia adivinhar a reacção do público – a primeira parte de Seasons saiu a 21 de Março e o público conhece-o por inteiro. O diário musical de David Fonseca conseguiu envolver os fãs numa aventura pelas estações do ano.

‘What Life is For’, o primeiro single lançado, abriu (e fechou) a actuação em Cascais. Os habituais coros das músicas de David Fonseca não tardaram em ressurgir da multidão assim que o músico apareceu na contraluz de um cenário à anos 80. Às bolas de espelhos, duas ou três, e à parede de luzes juntam-se as projecções de imagens captadas durante o concerto no próprio palco, uma componente visual que o músico nunca descura.

‘Under the Willow’ é o segundo tema mais conhecido de Rising. Entra a guitarra acústica a contrastar com a atmosfera disco e a dar início a um rodopiar de instrumentos durantes as duas horas do espectáculo.

Outro ponto alto chega com ‘Someone That Cannot Love’, a música que deu o aval do público à carreira a solo de David Fonseca. Uma balada logo interrompida pelas músicas mais mexidas e electrónicas de Seasons: Rising. ‘Go*Dance*All*Night’ é um crescendo contagiante que o músico vai intercalando com o clássico refrão “I love to love you, baby” – sobejam referências disco e pop nos concertos do músico/fotógrafo. ‘Armageddon’ é o ponto alto desta euforia electrónica que acaba com David Fonseca ao piano a arrancar aos milhares de pessoas presentes um “oh Cascais” colectivo. Ao final deste primeiro acto, o público estava inteiramente rendido à simpatia do músico.

De seguida, a música que levará “ao Festival da Canção, quando tiver toda a lata do mundo” – ‘The Beating of the Drums’. É alegre, é pop, é bubbly como são as músicas apresentadas naquela competição.

Contador de histórias como é, o músico de Leiria recorda a primeira música que fez no primeiro piano que teve – ‘To Give’. Não é das preferidas dos Silence 4, mas percebe-se a intenção de variar das já muito tocadas ‘My Friends’, ‘Angel’ e ‘Borrow’. Percebe-se também um David Fonseca a dar mais espaço à música nova – o próprio explicou-nos que não gosta de olhar para o que está no passado e sim ver o que pode fazer no futuro.

Entre as palmas de ‘Kiss me, Oh Kiss me’ e o assobio de ‘Superstars’ há tempo para músicas que toda a gente conhece, como o hit pop ‘Single Ladies’ a divertir o mar de gente das Festas do Mar.

Dois encores animados trazem um fim estrondoso – não falta ‘The 80s’ (o eterno single popularizado pela Vodafone), que em outros concertos ouvimos com ‘Video Killed the Radio Star’. Agora vem depois da quase psicadélica ‘Whatever the Heart Desires’, incluída em Seasons: Rising.

Estinguem-se os últimos acordes mas as luzes permanecem em palco. Em duas esferas suspensas do tecto continuam a ser projectadas imagens, já não das expressões de David Fonseca mas da mesma galáxia que podemos ver no vídeo de ‘What Life is For’. É que Seasons: Rising é isto mesmo – um delírio intergaláctico por meio ano da vida de David Fonseca, em que as baladas sappy que deram lhe deram uma certa reputação cedem espaço à festa.



Vem aí Seasons: Falling e desengane-se quem pensa que este é o disco de calma depois da tempestade. É o próprio David Fonseca que o explica, em entrevista ao Urban Blues aqui.