28 Nov 2013

Misty Fest: A alvorada dos Dealema


Os Dealema descem à capital e é como se Deus pisasse a terra. Os fãs de hip hop reuniram-se para celebrar a banda, os seus vinte anos de beats e o novo álbum, que chega a 14 de Dezembro. À beira da viragem para uma onda mais positiva, o grupo do Norte foi recebido com a devoção de sempre pela "família do Sul", que reclamou a si o TMN Ao Vivo, a 23 de Novembro.

Coube aos Dealema encerrar o Misty Fest 2013, em jeito de pré-apresentação do disco Alvorada da Alma. Os seguidores do hip hop português (que é o mesmo que dizer "os fãs de Dealema") aguardam com ansiedade o novo trabalho do grupo. Retirado de uma costela de A Grande Tribulação, de 2011, chega já no próximo dia 14 e menos sombrio que o antecessor.

Foi com este registo que subiram ao palco Expeão, Fuse, Maze, Mundo Segundo e DJ Guze. Sem perder tempo, arrancam com 'Arte de Viver', passam para 'Infiéis' e continuam com 'Escola dos 90'. Lançadas as bases do movimento, feitas as apresentações dos DLM e recordada a história do hip hop em Portugal, pausa para respirar.

Mas o público quer mais e estamos apenas no início. Os Dealema respondem com 'Bófiafobia'. Como vai acontecer mais vezes durante o concerto, os espectadores seguem a letra, rima a rima. Estas já têm alguns anos, mas parecem ter sido ouvidas pela primeira vez ainda ontem.

Chega 'A Cena Toda', "música com atitude". Voltamos a ouvir falar do percurso do género, os anos 1990 lá ao fundo, a busca da identidade e do lugar, tão legítimo quanto merecido, dos Dealema. O hip hop também é isto... Pode ser que o disco deste ano traga algo mais fresco.

'Família Malícia' é um dos momentos mais poderosos da noite. A letra não é brilhante (embora seja de apontar umas quantas "rimas soberbas"), mas a música ganha pela voz de Fuse, que ecoa na sala num tom grave e directo - impressionante.

'Mais uma sessão', por sua vez, faz chegar à frente cada um dos elementos. É assim um colectivo: todos cantam mesmo quando só um tem a palavra. (Destaque para Mundo, que quase interpreta todo o concerto em linguagem gestual). Sabe bem ver um grupo em que os egos dão espaço à música. Egos que podiam ser tão grandes quanto a discografia dos próprios Dealema. São impressionantes os trabalhos a solo de Maze, Mundo, Fuse e Expeão (que já este ano nos brindou com O Fim de Todas as Estradas, álbum de que o público prefere retirar o mais comercial 'O Teu Amor Por Mim' embora tenha ainda um inevitável e poderoso 'Poeta Falhado'). Enquanto grupo, porém, juntam as genialidades individuais para produzir um colectivo brilhante. Chave do sucesso?

'Sala 101' arranca ao público um coro bem ensaiado: "ignorância gera violência, nela nunca procurei abrigo". 'A Última Criança' recolhe a mesma reacção e a distância entre público e plateia diminui ainda mais um pouco.

O concerto vai ficando mais leve à medida a que se progride na setlist e é mesmo isso que acontece quando chega o primeiro single do novo álbum. 'Bom Dia' já anda a tocar nas rádios e, como já se esperava, por ser mais comercial não agrada de imediato a todos os fãs. Mas lá para o meio já ninguém resiste à saudação animada que dá refrão e título ao tema, que conta com a participação de Ace. Uma noite depois de ter comemorado duas décadas com o colectivo com os Mind da Gap, também em Lisboa, Ace junta-se aos Dealema no TMN Ao Vivo.

Para aproveitar a sua presença, toca-se 'Brilhantes Diamantes', tema de Serial com Maze. Alvorada da Alma tem 13 convidados especiais. Depois de Ace, só NBC se mostra em palco. (Talvez se veja mais dos restantes convidados lá para 20 de Dezembro, na apresentação dos Dealema no Santiago Alquimista.)

O rapper cria um dos momentos mais melódicos do concerto, ao emprestar a sua voz ao refrão de 'Vive', segundo avanço do álbum novo dos Dealema. O outro momento de melodia foi proporcionado por Ana Lu, que o público já sabe ao que vem. É dela a voz feminina em 'Nada Dura Para Sempre'. E porque nada dura mesmo para sempre, é com este hino que o concerto chega ao fim. O movimento dealemático dispersa, sem direito a encore e com muita vontade de continuar.

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Hip hop is just one of those things you can't really translate. Dealema were one of the first Portuguese  hip hop groups to come along in the 90s. They're still together and are today one of the most relevant names in the hip hop scene in Portugal.


On 23rd November, Dealema played a show in Lisbon, at TMN Ao Vivo, the last concert in Misty Fest 2013. Being from Porto, it is always a party when they come to the "south", where the band says they feel like having a family.

The latest concert was exception. But it was also special because the band is about to release a new album, which will be out on 14th December. On the 20th they'll be back in Lisbon, to play at Santiago Alquimista.

Alvorada da Alma, the new record, has 13 special guests and a more positive note. Be sure to check out Dealema, even if you're not much into hip hop. It's good music and powerful lyrics, either way. And there's that amazing feeling during a concert, when you're surrounded by screaming fans having the best time and being touched by the music they love.

14 Nov 2013

Quem vai cantar os parabéns ao Musicbox


O Musicbox faz anos. Sete. A data é especial e a festa a condizer. Destroyer, Hailu Mergia, Remy Kolpa Kopoul, Sensible Soccers e Ermo são alguns dos artistas que cantam os parabéns ao clube lisboeta, numa programação de três dias, entre 5 e 7 de Dezembro.

Hailu Mergia, traz ao primeiro dia do aniversário o jazz etíope dos anos 70. Junta-se ao alinhamento Remy Kolpa Kopoul, radialista da Rádio Nova francesa, actor e DJ, reconhecido ainda por ser um dos principais responsáveis pelo sucesso da música de língua portuguesa em França. Tiago Santos e Lady G Brown fecham a noite e abrem a pista de dança.

No dia seguinte, é Destroyer que, a solo, dá o pontapé de saída da noite, num regresso muito aguardado ao Musicbox. Dan Bejar traz pela primeira vez a Portugal o seu EP Five Spanish Songs, que gravou com base nas palavras de António Luque dos Sr. Chinarro. Tiago Castro e Mário Valente controlam os pratos madrugada adentro.

Na terceira noite, o destaque vai para a música portuguesa. Os bracarenses Ermo, que se estreiam nas edições LP, trazem uma mistura entre uma voz que se assemelha a canto gregoriano, sintetizadores e palavras, num espectáculo algures está entra a spoken-word e a música. Os nortenhos Sensible Soccers apresentam novo trabalho e provam que são um dos melhores exemplos do rock psicadélico nacional. Os DJs e produtores Bangkok Snobiety e Cvlt fecham a noite e as comemorações.

O acesso ao primeiro dia é livre entre as 23h00 e as 02h00. Os bilhetes para a primeira sexta-feira e sábado de Dezembro estão à venda em blueticket.pt e nos locais habituais e custam 12€ e 8€, respectivamente.

Fica o programa das festas.

MUSICBOX'S 7TH BIRTHDAY WEEKEND
QUINTA. 05 DEZEMBRO
HAILU MERGIA | CONCERTO | 23H00 | ETP
RÉMY KOLPA KOPOUL | CLUBBING | 00H30 | FR
TIAGO SANTOS & LADY G BROWN | CLUBBING | 00H30 | PT
Entrada Livre entre as 23h00 e as 02h00

SEXTA. 06 DEZEMBRO
DESTROYER (SOLO) | CONCERTO | 00H00 | CAN
TIAGO CASTRO | CLUBBING | 01H30 | PT
MÁRIO VALENTE | CLUBBING | 03H30 | PT
Entrada: €12

SÁBADO. 07 DEZEMBRO
ERMO | CONCERTO | 00H00 | PT |
SENSIBLE SOCCERS | CONCERTO | 01H00 | PT
BANGKOK SNOBIETY | CLUBBING | 02H30 | PT
CVLT | CLUBBING | 04H30 | PT
Entrada: €8

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The very cosy and special club Musicbox is celebrating it's 7th anniversary. Check the programme above to see which artists are perfoming and when because it's a three-day event full of great music.

Destroyer, Hailu Mergia, Remy Kolpa Kopoul, Sensible Soccers e Ermo are some of the artists/bands playing between 5th and 7th December.

Tickets cost 12 and 8 euros for the second and third night of the event. The first one is free!

8 Nov 2013

Listening to: Keaton Henson

http://b.vimeocdn.com/ts/362/591/362591903_1280.jpg

Keaton Henson is my latest obsession. I found  him on Spotify while I was listening to Lloyd Cole. His name popped up on the related artists list. I looked at his face and I knew I'd like his music.

The more I get to know his songs and story, the more I like this character. Keaton is an artist, a poet, a writer of beautiful, heartfelt ballads. And his words are moving.

Here is Keaton Henson playing a set at NPR Tiny Desk Concert.


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A minha mais recente obsessão chama-se Keaton Henson. Encontrei-o enquanto passava em revista a discografia de Lloyd Cole no Spotify. Surgiu na lista de artistas relaccionados e vi logo que ia gostar da sua música. 

Quanto mais descubro sobre o seu percurso e música mas gosto desta personagem. Keaton Henson é um artista, um poeta, um escritor de baladas incríveis. As suas palavras são comoventes.

Fica a apresentação no NPR Tiny Desk Concert.

17 Oct 2013

Jake Bugg's new song: 'What Doesn't Kill You'


Dear Jake,

You know I adore you but I'm afraid of what may come from this new album of yours.

First single gave me mixed feelings...

I promise I'll listen to Shangri La very carefully when it comes out, on November 18th.

Hope to see you soon on a concert in Lisbon.


PS. Nevermind about Cara.
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Querido Jake,

Sabes o quanto gosto de ti, mas tenho de confessar que a ideia deste novo álbum me assusta. O primeiro single não me fascinou... Prometo ouvir o Shangri La com muita atenção quando sair, lá para 18 de Novembro.

Espero ver-te em breve num concerto em nome próprio cá em Lisboa. Aparece, rapaz.

PS. Esquece lá a Cara, ok?

15 Oct 2013

Só por ser Outono

bruce-wayne-photography.com

Texto originalmente publicado em Look Mag


Sim, o Verão já lá vai e não vale a pena continuar a chorar pelo fim dos sunsets e da época alta de ‘Get Lucky’. É que o Outono já aí está e vem cheio de músicas boas – umas novas, outras mais antigas. Por isso, e para converter os haters desta estação, aqui fica uma sugestão de músicas que caem mesmo bem nesta altura. Para acompanhar um bom livro lido no sofá, de manta nas pernas e chá entre mãos.



‘Heavy Feet’, Local Natives

O concerto dos Local Natives em Lisboa aproxima-se (é já a 17 de Novembro) e, ao mesmo ritmo, cresce a vontade de redescobrir a banda americana. ‘Heavy Feet’ é das preferidas aqui por estes lados. E tem andado a rodar muitas vezes, enquanto se vê pela janela os dias a acabarem cada vez mais cedo.






‘Indie City’, Pixies

Quem também vem a Lisboa vem fazer uma visita são os Pixies. Oportunidade ideal para conhecer as novas músicas desta banda que é, mais que isso, um ícone. Este ‘Indie City’ faz parte do EP lançado ainda no Verão, mas que vai saber ainda melhor agora. À confiança.






‘You Swan, Go On’, Minta & The Brook Trout (cover de Mount Eerie)

Para bem receber o Outono, Minta & The Brook Trout lançaram Out of Washington State, um EP digital que não podia ter mais que ver com estes dias. São sete canções com registo intimista, entre músicas próprias e versões de artistas como Mount Eerie e Beck.






‘Mad Sounds’, Arctic Monkeys

(Não, esta lista não se faz só de guitarras calminhas…) É talvez a faixa mais outonal do novo disco dos Arctic Monkeys, AM. Os coros de “uh la la la” puxam à nostalgia da estação. Como se ‘Mad Sounds’ fosse a música ideal para ouvir no fim da noite, a ir para casa, depois da festa de ‘Do I Wanna Know’ ou ‘Fireside’.






‘Outono’, Tiago Bettencourt

A voz de Tiago Bettencourt cai como uma luva no cenário que já desenhámos. E, nem de propósito, o músico deu-nos a conhecer uma versão recente da música ‘Outono’. Gravada entre folhas secas, tem a colaboração de Fred Ferreira e não podia ser mais perfeita para fechar esta playlist.

Sugestão: passar estas músicas para o iPod e ouvi-las a descer a Avenida da Liberdade, numa tarde de céu limpo, de mãos nos bolsos e phones nos ouvidos a bloquear a agitação da hora de ponta. Com sorte, ainda se apanha o cheiro das castanhas assadas no Marquês.




O Urban Blues recomenda:
Para esquecer o trabalho e o escritório: ‘Don’t Save Me’, Haim
Para recordar um clássico: ‘Canção de Engate’, António Variações
Para ver a chuva a cair do outro lado da janela: ‘The Breeze’, Bill Callahan
Para expandir horizontes: ‘Vi Morrer um Verso’, Reflect
Para bater com o pé no chão: ‘Lightning Bolt’, Jake Bugg em cover de Deap Vally
Para combater o mau feitio (ou abraçá-lo plenamente): ‘No Romance Without Finance’, Tape Junk

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To say goodbye to Summer we shall put 'Get Lucky' to rest and replace it with a bunch of Autumn songs. Here's a playlist with plenty of suggestions for those days of staying in bed with a book and a cup of tea.

7 Oct 2013

Linda Martini em Turbo Lento


O novo disco dos Linda Martini já chegou às lojas e aos corações dos fãs desta banda, que se tornou de culto.

Turbo Lento é uma continuação do que André Henriques (guitarra e voz), Cláudia Guerreiro (baixo), Hélio Morais (bateria) e Pedro Geraldes (guitarra) já nos habituaram. Ao mesmo tempo, consegue ser uma renovação do som da banda, que assinala assim dez anos de música.

Há que confessar, foi preciso este novo álbum e os concertos do Optimus Alive e do Fusing Culture Experience para que me rendesse totalmente aos Linda Martini. (Pelo lado positivo, não andei a ressacar anos e anos por músicas novas...) Agora, é um vício que mal pode esperar por mais um concerto.

Os Linda Martini apresentam Turbo Lento em Lisboa, no Meo Arena, Sala Tejo, já no próximo Sábado, 12 de Outubro. À semelhança do que fizeram este fim-de-semana no Porto, espera-se um concerto de arromba com uma adesão surpreendente.

Por enquanto, aqui fica uma playlist com algumas favoritas do Urban Blues. Destaque para 'Tremor Essencial' e 'Volta', as músicas que mais agradaram do novo álbum.

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If you've been paying attention to Portugal's music scene, you certainly know Linda Martini.

The band comes from an hardcore background and has managed to gather a legion of fans in the past ten years. Now, they're back with Turbo Lento, a new album that still sounds like Linda Martini but a bit grown up.

Go through the playlist to listen to some old and new songs from the band. They're playing in Lisbon on October 12th to present the new record.

6 Oct 2013

Blue Orchid

Everyone, here is a sick, twisted and amazing video to get your week started in the best possible way. Beat those feet against the floor.

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Para começar a semana da melhor maneira, aqui fica um vídeo perturbador e fantástico.

5 Oct 2013

Shazamed! #2


This time I won't give you new songs but some oldies I was reminded of this week when they came on the radio and I pulled out my Shazam app. It's nice to recall those tunes that were lost in my memory.

Hope you enjoy them as well.

'Roslyn' by Bon Iver & St. Vincent

'Black' by Pearl Jam

'Helplessness Blues' by Fleet Foxes

1 Oct 2013

Happy World Music Day



On this World Music Day, I decided to share with you some of my special songs. The ones I always go back to. The ones I can sing along to every and each word. The songs that remind me of amazing moments, beautiful concerts and great people. Because that's what music is all about - memories.

'Vidas Ligadas' by Klepht
OK, this is a crappy, crappy video. But you have to watch it in order to love this song by the Portuguese band, Klepht. This is from a show the group played back in 2004. It would be just another performance of this beautifully written song if it wasn't for Pacman (the leader of one of my all-time favourite bands, Da Weasel) coming on stage at the very end to sing one of the most powerful verses I know: "Tens de aguentar sempre pancadas sem fugir/ Sexo, drogas, rock 'n roll, sempre a partir/ Esta mistura é mesmo um quadro mal pintado/ Se Deus existe, podes crer que fez o mundo ressacado".



'Skinny Love' by Bon Iver
I guess I don't have to explain this one since it's probably a favourite of many too. I'll just add how magic it was to listen to the first few chords of 'Skinny Love' on Justin Vernon's guitar, last year in Lisbon. The crowd went nuts and I have goosebumps and tears on my eyes by thinking about that moment right now.




'Dream a Little Dream' by Louis Armstrong
Search no more, this is the best version of 'Dream a Little Dream' you could ever find. Louis Armstrong had an amazing voice and a heartwarming look on his face. Isn't it marvellous how he always looked so happy and glad to be alive?



'Barbarella e Barba Rala' by Samuel Úria
If you're not sick of hearing me talking about Samuel Úria's immense talent, please take another listen to this song for it's one of the best Portuguese poems turned into music of the past years.



'Hurt' by Johnny Cash
This song is pure pain and raw emotions. Johnny Cash's voice already makes you get to the bottom of things, where it really "hurts", but these lyrics go beyond that...



'Kiss of Life' by Friendly Fires
Wrapping up in a much brighter tone, this list would not be complete without Friendly Fires. I dare you to stay still to 'Kiss of Life', it is physically impossible. That's what happened to me last year, at Super Bock Super Rock fest, in Meco, when the band came up on stage. Their music it's practically a shot of energy. I mention it here because the best songs aren't always the ones for the sad moments. A good tune makes you feel something. Even if it's a crazy urge to dance.


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Para celebrar o Dia Mundial da Música, trago-vos algumas das minhas favoritas. São aquelas músicas a que regresso sempre e tantas vezes, pelas memórias que trazem consigo. Porque a música é isso mesmo - memórias.

'Vidas Ligadas' de Klepht 
'Skinny Love' de Bon Iver 
'Dream a Little Dream' de Louis Armstrong 
'Barbarella e Barba Rala' de Samuel Úria 
'Hurt' de Johnny Cash 
'Kiss of Life' de Friendly Fires

27 Sept 2013

Shazamed! #1


Here are some tunes I've been shazaming lately! These are songs I haven't listened to in a while and some I want to keep in my current playlist.

'Heavy Feet' by Local Natives

'Hold On' by Sons Of The East


'Luscious Life' by Patrick Watson


'First Day Of My Life' by Bright Eyes

15 Sept 2013

Festas do Mar 2013: Tiago Bettencourt, Expensive Soul e Xutos e Pontapés


Xutos e Pontapés, o inevitável nome para o inevitável fim das Festas do Mar 2013. Foram dez dias de concertos, que, nas últimas noites, tiveram ainda Tiago Bettencourt e Expensive Soul.

Muito especial
Tiago Bettencourt é um veterano. Prova-o o acústico que acaba de lançar em celebração dos dez anos de carreira. Prova-o também a força com que agarrou o público de Cascais, no seu jeito calmo e intimista, com canções que são poemas musicados e autênticas baladas de peito aberto.

'Só Nós Dois', 'Parece que o Destino nos Quebrou' e 'Largar o que Há em Vão' são canções destas. E foram as primeiras a soar na Baía, abrindo um alinhamento onde não faltaram os êxitos comerciais, como 'Canção Simples', 'O Jogo', 'Laços'. Lá para o final, viria 'Carta'.

Não só as músicas mas também o local fizeram deste um concerto especial para Tiago Bettencourt, como o próprio músico fez questão de salientar por ter vivido em Cascais. Igualmente especial foi a participação de Inês Castel-Branco em 'Tens Que Largar A Mão' e 'Se Cuidas de Mim'. Amiga de Tiago Bettencourt, a actriz ajudou a protagonizar alguns dos momentos mais bonitos das Festas do Mar, deste ano.

Mas este não é apenas o Tiago Bettencourt que nos habitou aos temas tristes e melancólicos. Do piano para a guitarra, o músico dá um registo mais folk ao concerto, descontraído e divertido, e apresenta mesmo versões muito próprias de 'Pó de Arroz' e 'Canção de Engate'. A abrir 'Só Mais uma Volta' ainda vai buscar Lou Reed e um dos refrões mais conhecidos de sempre, "take a walk on the wild side".

'Temporal' e 'Eu Esperei' fecham o concerto que, apesar de longo, passou bastante depressa. E soube bem voltar a ouvir Tiago Bettencourt, que vai muito para além da faceta mainstream que as rádios imprimem às suas músicas.

Bounce, bounce!
Lembrei-me da primeira vez que vi Expensive Soul ao vivo. Foi no Pavilhão dos Lombos, em Carcavelos, e já passaram quase dez anos. A dupla que subiu, este ano, ao palco das Festas do Mar é sem dúvida muito diferente.

Músicos mais maduros, New Max e Demo conquistaram um lugar no panorama português. Entre os discos que lançam enquanto dupla, vão sendo chamados por outros músicos para ajudar na produção dos seus trabalhos. Aprenderam a dar espectáculos e espectáculo, suportados por uma fama que ganharam recentemente e que esgotou completamente a Baía. Suportados também por uma incansável Jaguar Band, que enche de soul - e boa música - as suas rimas.

E aprenderam a fazer-se valer do estatuto de vedetas a que parecem ter ascendido, dando-se ao luxo de interromper músicas quando o público não acompanha na medida desejada. Direito legítimo, atenção, mas não perante uma das maiores enchentes que as Festas do Mar viram este ano.

Ninguém levou a mal e as pessoas até começaram a responder (ainda) mais quando, a meio caminho do fim, se pede à '1ª fila' que salte, "bounce, bounce!". Antes e depois, saíram os maiores sucessos da banda de Leça da Palmeira: '13 Mulheres', 'O Amor é Mágico', 'Falas Disso', 'Brilho' (de que já nem nos lembrávamos) e, a fechar, 'Eu Não Sei'. Espaço ainda para 'Machadinha', tema gravado para a Missão Sorriso de 2010. Um concerto eficiente, que se manteve dentro dos limites.

'Para sempre'
Português que se preze não perde uma oportunidade de ver Xutos e Pontapés ao vivo. A banda que já leva 34 anos continua a mover multidões. E é por isso que, da primeira fila, se continuam a estender braços sucessivos com lenços vermelhos nos pulsos. Braços de pais, mães e filhos. Até de avós. A banda atravessa gerações mas continua a despertar a mesma adesão. A diferença é que, agora, as promessas "Xutos Sempre" se escrevem em tablets e não apenas em cartazes. (Outro sinal dos tempos: 'Privacidade', música nova, tem mão do DJ Cruzfader.)

Do palco, a mesma energia e uma felicidade palpável de quem está ao lado de grandes amigos. Zé Pedro, Kalú, Tim, João Cabeleira e Gui reflectiram isso mesmo nas mais de duas horas de concerto que levaram ao sítio que tão bem conhecem, a Baía de Cascais. Em repetidos momentos, o grupo recuou, alinhando junto à bateria de Kalú e aí desenrolou hinos que já são demasiados para enumerar.

E, mesmo assim, a banda continua a produzir novo material, que teve destaque nesta noite. Fala-se, por exemplo, de 'Cordas & Correntes', 'Independência' e 'Da Nação'. Mantém-se o tom interventivo ou não fossem estes os Xutos e Pontapés e, assim, não poderia faltar o desafio de Kalú (já espreitaram o seu projecto a solo?): "Coelhinho, se eu fosse como tu, pegava na Troika e enfiava-a no..."

Esta é uma das melhores fases da vida dos Xutos - renovada, viva, feliz. Prova-o a recusa de Zé Pedro em deixar o palco, ao fim do segundo encore. O público também não admite ir embora sem ouvir 'Maria' e, perante o novo regresso da banda, volta a prometer-lhe fidelidade eterna. 'Para Sempre'. (A música que ficou a faltar...)

14 Sept 2013

Festas do Mar 2013: Dengaz, The Black Mamba e Coldfinger


Dengaz, The Black Mamba e Coldfinger - três nomes que passaram pela Baía de Cascais este Verão, em três concertos de abertura que podiam ter sido cabeças de cartaz.

AHYA
Dengaz entregou, ao sexto dia, a primeira parte com mais sucesso das Festas do Mar 2013. "Quem é que toca a seguir?", ouve-se a caminho, pergunta repetida por um público muito jovem, a quem o nome João Gil (e Amigos) pouco diz.

É o ritmo de hip hop do músico de Cascais que cativa os mais novos. Vai do rap ao reggae sem pudores e agrada com um pouco de soul à mistura. Depois de temas como 'Eu Consigo' e 'Ela Só Quer', em que Dengaz toca acompanhado por uma banda animada e cheia de pinta, surgem as músicas 'Obrigado' e 'Encontrei'. Para estes dois hits, que o público acompanha sem falhar uma palavra, surge em palco Agir, grande companheiro musical de Dengaz.

Ficou a falar Richie Campbell, para fechar o concerto com 'From the Heart' da AHYA Tour. O refrão "young, wild and free" (de Snoop Dog com Wiz Khalifa e Bruno Mars) é repetido por uma geração que faz destas músicas autênticos hinos, perto do fim. E já não se ouvia a Baía a entoar assim uns versos desde Da Weasel, 2008.

"Burn this city"
The Black Mamba fizeram o warm up da noite seguinte. Perante um público pouco efusivo, o vocalista e guitarrista Tatanka teve de puxar pela voz para agarrar a massa. A festa arranca em tom de homenagem a James Brown e aos sons da sua época, que são influência evidente da banda. É o concerto com mais soul desta edição das festas e isso vê-se em cada membro da banda, na  forma como sente a música.

Passa-se no inglês ao português com naturalidade (de 'I'm Not Late' para 'Canção de Mim Mesmo') e chega-se a 'It Ain't You', uma das mais conhecidas músicas do grupo, que consegue finalmente arrancar um coro ao público. "We'll always love you" é o que promete um público para quem os The Black Mamba eram ainda desconhecidos.

Mais tarde, "we're gonna burn this city" é ensinado aos espectadores, que repetem o verso por entre um saxofone poderoso surpreendente.

Para valentes
Menos sorte tiveram os Coldfinger, que tocaram para os poucos resistentes que não deram tréguas ao vento. Foi um concerto "só para valentes", como afirmou Margarida Pinto, vocalista da banda e metade do duo formado com Miguel Cardona. Uma banda que, na realidade, tem um percurso suficiente para merecer honras de cabeça de cartaz e não de primeira parte.

De 'You Should Fall' a 'Alice Barracuda', passando por 'Supafacial', 'Easy M' e 'Dragonfly', os Coldfinger tocaram alguns dos seus maiores temas, numa altura em que andam a  mostrar The Seconds, álbum editado em Abril.


6 Sept 2013

80s voltam hoje em Cascais


Começa hoje a segunda edição do ERP Remember, festival que recupera o glamour dos anos 1980 e as músicas que marcaram a década e se mantiveram no imaginário colectivo como êxitos até hoje.

As portas do recinto abrem às 20h e o primeiro concerto acontece às 21h. Hoje, a abertura está a cargo de José Cid & Big Band e segue com Level 42 (às 22h), adicionados ao cartaz depois do cancelamento de Orchestral Manoeuvres in the Dark. Às 23h30, sobre ao palco Roger Hodgson, a voz dos Supertramp.

No Sábado, os horários repetem-se. A primeira actuação é de Opus, seguindo-se os portugueses GNR. O encerramento do festival será feito pelos The Waterboys mas a noite continua com a Festa M80.

Os bilhetes para cada dia do ERP Remember 2013, que acontece a partir de hoje no Hipódromo Manuel Possolo, em Cascais, custam 30 euros. O passe geral custa 50 euros. 

Fica uma das músicas mais aguardadas na edição deste ano do festival.
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For the second time, ERP Remember brings to Cascais the glamour of the 80s. Artists such as Roger Hodgson (Supertramp) and The Waterboys will be performing at the festival, which takes place at Hipódromo Manuel Possolo, this Friday and Saturday.

Tickets cost 30 euros a day or 50 euros for both days.

Here is one of the songs we are looking forward to listen to, 'The Whole of the Moon' by The Waterboys.
 

Festas do Mar 2013: Os Capitães da Areia, Resistência e António Zambujo

©UrbanBlues

A 19 e 20 de Agosto, três nomes interessantes passaram pelo palco das Festas do Mar 2013. O interesse deveu-se a razões distintas, mas foi invariável na garantia de duas noites com muito público.

Um Verão pouco azul
Os Capitães da Areia foram banda escolhida a dedo para abrir o concerto de Resistência. Perdidos num imaginário dos anos 1980, os quatro rapazes que já levam dois trabalhos editados animaram q.b. a Baía. Não por falta de festa, mas por terem à frente um público pouco entusiasta da sua pop colorida e algo estranha. Certo é que o vento não ajudou a instalar-se o Verão Azul d'Os Capitães da Areia, que se apresentam como «um conjunto musical de Portugal e do Reino das Berlengas».

Mesmo assim, a banda arriscou no ousado verso "as raparigas de Cascais andam tão longe dos demais", retirado de 'Raparigas da Minha Idade'.

Finalmente, e ainda, Resistência
O público estava, sim, ansioso pelos cabeças de cartaz da noite. Os Resistência estrearam-se em Cascais e, aos primeiros acordes, esticaram-se braços no ar, sentiram-se saudades nas vozes. O espírito da Resistência é mantido vivo pelas centenas, senão milhares, de fãs que recordaram a banda e reviveram memórias de há 20 anos. «Muita coisa mudou, outras nem por isso», desafiou Miguel Ângelo.

'Nasce Selvagem' não podia agraciar mais o público, depois de 'Mano a Mano' a apresentar os instrumentos. Em palco, eram onze. (Na audiência, milhares.) Miguel Ângelo e Olavo Bilac comandaram as vozes do super-grupo reunido em palco. Juntaram-se Tim, Pedro Ayres Magalhães, Fernando Cunha, Alexandre Frazão, Mário Delgado, Duda, José Salgueiro, Fernando Júdice e Pedro Jóia.

O público foi chamado a testemunhar a história - que continua a escrever-se. E escreveu-se com êxitos como 'No Meu Quarto', 'Finisterra', 'Esta Cidade', 'Liberdade'. Evocou-se 'Timor' e entoou-se 'Perigo'. Passaram-se em revista alguns temas dos grupos originais dos membros do projecto - afinal, foi assim que a Resistência surgiu, como se fez saber num documentário que a banda fez transmitir antes do início do espectáculo.

Os Delfins haviam sido convidados para tocar numa campanha eleitoral mas não havia verbas para suportar toda a banda. Ficou então Miguel Ângelo, ao lado de colegas do meio. O projecto ganhou dimensão e alguns originais, para além de uma considerável carga social que o transporta para a categoria de música de intervenção.

Ao longo de mais de duas horas, os músicos - notoriamente satisfeitos pela adesão do público - ofereceram ainda 'Fim', 'Amanhã é Sempre Longe Demais', 'Marcha dos Desalinhados', 'Lugar ao Sol' e 'Amália na Vox de Nós'.

Para o final, ficaram guardados hinos como 'Nunca Mais', 'Circo de Feras', 'Não Sou o Único' e, a fechar, 'Prisão em Si'.

"Oh Toninho"
Ainda num registo a agradar ao público mais adulto, a actuação principal da noite seguinte foi a de António Zambujo. O músico que recolocou o fado das escolhas comerciais de muitos ouvintes entrou em palco com uma exclamação de surpresa. O concerto em Cascais bateu o recorde de assistência dos espectáculos que tem vindo a fazer.

'Algo Estranho Acontece' é a segunda música no alinhamento (depois de 'Casa Fechada') e uma das preferidas dos cibernautas apaixonados, que fazem chegar a António Zambujo muitas mensagens sobre as suas histórias de amor que têm nesta música a banda sonora.

Entre músicas, o fadista vai contando histórias semelhantes a esta e diverte o público, muito participativo. A interacção agrada especialmente com as modas alentejanas que chegam a meio do concerto (e do público se ouve um carinhoso "oh Toninho"). Ainda assim, este não é um concerto de fado, mas um espectáculo que incorpora até algum Blues e Jazz.

Já no encore, António Zambujo chama ao público Luísa Sobral para partilharem 'Inês'. Segue-se 'Amor de mel, amor de fel' e fica por cantar 'Pica do 7', apesar dos pedidos do público.

 

5 Sept 2013

Festas do Mar 2013: Craig David e D.A.M.A.

©UrbanBlues

As Festas do Mar 2013, que aconteceram entre 16 e 25 de Agosto, seguiram a tradição inaugurada há já algumas edições e apresentaram, na primeira de dez noites de concertos, um nome internacional.

A nostalgia
Craig David chamou à Baía de Cascais mais espectadores do que se poderia imaginar, pensando num artista pop que viveu o auge da carreira há cerca de dez anos.

Foi precisamente com temas desta época que o músico britânico abriu a noite, depois de subir ao palco Mia Rose. 'What's Your Flava' arranca a primeira reacção do público, que dança com vontade de sacudir o vento ou de se render à nostalgia, a mesma que levou Cascais, em 2012, a responder em peso ao concerto de Ronan Keating.

'Hidden Agenda', 'Spanish', 'Walking Away' e 'Rise and Fall' surgem quase de seguida e acentuam o tom de revivalismo do espectáculo, apenas quebrado com um DJ set com direito até a cover de 'Empire State of Mind'. É um concerto de hits até ao final, que culmina com 'Fill Me In'.

A euforia
Na segunda noite das Festas do Mar, o aquecimento ficou a cargo dos D.A.M.A. Banda muito jovem, tem como maior êxito, até agora, uma versão de 'Popless' dos GNR, tocada no início e no encerramento do concerto. Com um repertório ainda à procura de identidade, os D.A.M.A. (grupo de Cascais, como todos os artistas que actuaram na primeira parte das Festas do Mar 2013) já alcançaram, no entanto, uma base sólida de seguidores.

A actuação no MEO Sudoeste, deste Verão, terá dado um empurrão aos D.A.M.A. para chegarem perto do seu público-alvo, essencialmente concentrado entre os 14 e 18 anos. A audiência, aparentemente composta por fãs deste híbrido de hip hop feito de pólos e ténis da moda, aderiu ao concerto e vibrou com uma versão sobre o sucesso 'Jar of Hearts'. Será a melhor forma de definir os D.A.M.A.: hip hop leve sobre pop comercial, a fazer lembrar os Ciclo Preparatório.