13 Dec 2012

The Kafkas: uma metamorfose no indie rock


João Garcia, Daniel Figueiredo, João Pereira e Fábio Silva são “quatro castiços” a aventurar-se no indie rock, que querem deixar uma marca na música portuguesa. Trabalham para dar a conhecer o seu som, que descrevem como psicadélico e feroz. Já cativaram atenções lá fora e preparam-se para lançar novo single e o primeiro videoclip. Os The Kafkas vão buscar ao escritor checo o nome e o processo criativo e são, sem dúvida, um nome a seguir em 2013.

Quem são os The Kafkas?
João Garcia - Os The Kafkas são basicamente quatro castiços que, desde fins de 2009, tocam juntos: João Garcia, vocalista e guitarrista, Daniel Figueiredo, guitarrista e teclista, João Pereira, baixista, e Fábio Silva, baterista. Somos um quarteto indie rock a dar os primeiros passos num mundo difícil e sobrelotado, mas com uma mobilização insuficiente que é o mundo da música portuguesa.

Quando e como surgiu este nome para a banda?
O “apadrinhamento” do Kafka ao nosso projecto surgiu com o início da banda. Foi o primeiro nome que tivemos mesmo antes de sermos os quatro. O nome The Kafkas, na altura, estava mais relacionado com a fonética da palavra, com o som rock que achamos que tem. Mas o tempo foi passando, nós crescemos e amadurecemos e cada vez mais o nome The Kafkas tem um peso na nossa música e na relação com que encaramos o nosso processo criativo, por isso hoje em dia, está relacionado não só com a fonética da palavra mas também com a inspiração que o Kafka é para todos nós e o que o seu trabalho representa a nível mundial. É um escritor incontornável.

Há cerca de um ano gravaram o primeiro trabalho de estúdio. Como descrevem a vossa demo?
A nossa primeira demo, gravada no Estúdio Eléctrico em Dezembro de 2011, foi a primeira experiência em estúdio e significou acima de tudo a primeira maneira de dar a conhecer as nossas músicas ao mundo. Por isso, quando fomos para estúdio delineámos que, para além de ser um pouco um rescaldo daquilo que fazemos enquanto banda, tinha de ser algo que pudesse facilmente ficar nos ouvidos das pessoas e criar nome para a banda. 

Têm planos para novas gravações ou um disco de estreia?
De facto, muito recentemente estivemos em estúdio a editar um novo single. Achamos que está na altura de mostrar mais um pouco dos The Kafkas. Também iremos gravar em breve o nosso primeiro videoclip e quem sabe mais alguns! Nos próximos tempos queremos mobilizar a banda e causar um impacto mais significativo no meio. Por enquanto, ainda é cedo prever o disco de estreia, mas queremos trabalhar para projectar os The Kafkas o máximo que conseguirmos.

São uma banda relativamente recente. No entanto, têm uma sonoridade e identidade muito bem definidas. Como é que chegaram a esses conceitos?
Tentamos definir ao máximo, e cada vez mais, o que é o som dos The Kafkas porque ouvimos tanta música, tantos artistas diferentes, que acabamos por querer abraçar várias influências e estilos diferentes, embora achemos que temos o caminho que queremos prosseguir com as nossas músicas está bem definido. Apesar de sermos indie rock, olhamos para nós como um indie rock um pouco mais psicadélico ou mais feroz (à parte de alguns temas incontornavelmente mais comerciais), e nas nossas actuações ao vivo percebe-se sempre melhor esse lado mais rockeiro.

Onde entram as influências no universo da vossa música?
As nossas influências são provenientes de praticamente tudo aquilo com que estamos em contacto no dia-a-dia, não só da música, como da literatura ou do cinema. E mesmo de conversas mundanas que acabam por influenciar mais ao nível de letras.

Participaram na festa da Universidade Nova, com bandas como Capitão Fausto e Os Pontos Negros. Apesar de cantarem em inglês, enquadram-se nesta nova vaga da música portuguesa, de bandas rock e sonoridades diferentes?
Bem, é uma pergunta difícil. Bandas como os Capitão Fausto são bastante diferentes daquilo que se faz até a nível internacional e a quem o português dá uma identidade muito própria. No nosso caso, o inglês é indissociável da música que tocamos e, embora sejamos bastante patriotas e amantes da cultura do nosso país, a nível de expressão artística essa é a nossa língua. De resto, queremos ser encarados mais como uma banda essencialmente de rock, que pode não mudar o mundo, mas que consegue captar a sua atenção, a começar por Portugal. Achamos que Portugal está recheado de bandas boas que merecem oportunidade de atingir maior sucesso quer a nível interno como a nível internacional e nós, sem dúvida, queremos estar ao lado dos que darão que falar.

Têm procurado canais diversos para divulgar o vosso projecto, como o concurso ContrabandIST, que venceram. É o empreendedorismo aplicado à música?
É difícil uma banda ganhar reconhecimento sem ter que penar, sem ter que dar concertos para meia dúzia de pessoas (que acabam por servir de treino para palcos maiores), sem ter que gramar com organizações de concertos desorganizadas e incompetentes. Por isso, há no início de um projecto musical esse lado de empreendorismo, temos que divulgar aquilo que nos dá prazer que é a nossa música e não é um trabalho fácil pois meio mundo não está nem aí e o outro meio se calhar até gosta, mas se não fores chato a coisa não pega. Concursos de bandas, como o ContrabandIST ou o Live Music Experience (onde estamos a participar agora) são um meio importante para divulgar a música, arranjar concertos para pessoas externas ao ambiente da banda e divulgar o nome.

A vossa música já passou numa rádio de Filadélfia e noutra do Canadá. Como é que isso aconteceu?
Conseguimos pôr a nossa música a rolar no estrangeiro, por exemplo na BreakthroughRadio.com, rádio nova-iorquina que, num programa dedicado à música de Lisboa, nos seleccionou como uma das bandas promissoras do panorama da música lisboeta. Também passámos na rádio Asas do Atlântico a convite de um português residente no Canadá e pela mão da organização do Rock in Amadora. Como o nosso maior objectivo é saltar além fronteiras, o reconhecimento estrangeiro é óptimo, mas gostaríamos que em Portugal houvesse um pouco mais de atenção para aquilo que se faz porque sentimos que há muito compadrio na maneira como as bandas chegam ao topo.

Gravaram recentemente para o Balcony TV? Que material apresentaram?
Fomos gravar à Balcony TV o tema ‘Blue Jungle Lights’ que é uma música que esperemos que nos próximos tempos dê que falar. Um lado mais experimental e psicadélico dos The Kafkas. A gravação foi rápida, num take gravámos a música com uma pequena entrevista de apresentação da banda na varanda lisboeta da Balcony TV. A experiência foi muito porreira, aquilo é no Jardim do Torel que é um espaço muito agradável. A malta de lá é impecável e cenas em varandas hoje em dia estão a ter sucesso!

Como vai ser 2013 para os The Kafkas?
2013 é basicamente uma incógnita. A única coisa que sabemos é que começará com músicas novas e novidades audiovisuais. De resto, vamos à procura de oportunidades, tentar desenvolver os The Kafkas e tentar dar que falar o máximo que conseguirmos. Vamos andar na luta e toda a gente que estiver interessada ou entusiasmada com o projecto é muito bem vinda a entrar em contacto connosco!

Os The Kafkas disponibilizam três demos para download gratuito no bandcamp
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The Kafkas is the Lisbon-based band of João Garcia (vocals and guitar), Daniel Figueiredo (guitar and keyboard), João Pereira (bass) and Fábio Silva (drums). The draw inspiration from German-speaking writer Franz Kafka and associate with indie rock music.

In this interview to Urban Blues they talk about their history so far, their upcoming work and their struggle to be known.

Hear them out and download free demos at The Kafkas' bandcamp.