7 Nov 2012

Misty Fest: a nova geração de guitarristas


A edição deste ano do Misty Fest traz novidades. Com a expansão para Lisboa e Porto, o misticismo do evento nascido em Sintra alarga-se a outros pontos do país. Há também espectáculos diferentes no cartaz, como o que aconteceu no Cinema São Jorge, em Lisboa, a 2 de Novembro, sob o título Novas Guitarras Portuguesas.

Tó Trips, Filho da Mãe e Frankie Chavez juntaram-se para uma interpretação da tradição portuguesa. Primeiro um a um, depois em conjunto, os artistas nacionais deram provas da sua mestria atrás da guitarra portuguesa.

Tó Trips, o puro
O músico dos Dead Combo inaugura o palco. Em tom intimista, reservado até, capta a atenção do público com a sua apresentação acústica. Simples (e nem por isso menos brilhante), passa para a guitarra eléctrica antes de dar lugar a Filho da Mãe.

Filho da Mãe, o delirante
Rui Carvalho é o homem que dá vida ao projecto Filho da Mãe e à guitarra que agarra sem cuidados nem cerimónias. Toca com fúria e, ainda assim, tem a felicidade estampada no rosto. Leva consigo uma única guitarra - "dos trezentos", brinca. Compõe a apresentação com pedais delay, que acrescentam dimensão às músicas. o espectáculo cresce e vai culminar em 'Helena Aquática', epítome do estilo de Filho da Mãe.

Frankie Chavez, o romântico
E o mais multifacetado na apresentação ao levar consigo quatro guitarras, umas mais portuguesas do que outras. Frankie Chavez traz também o som mais internacional, com influências fortes do blues americano, e o conceito mais dinâmico - a sua loop station acrescenta mãos e guitarras invisíveis à apresentação. Em registo suave, mostra com a guitarra slide a sua perícia e justifica a presença no quadro da nova geração de guitarristas portugueses (ao qual falta, sem dúvida, Norberto Lobo).

Quando os três guitarristas se juntam em palco, é curioso ver a forma como integram as sonoridades, individualidades e personalidades distintas. Cada um lidera, consoante a autoria do tema apresentado em conjunto e essa harmonia satisfaz o público, que não quer ver acabar a noite. O regresso ao palco acontece a pedido da audiência e mostra que público e artistas seguem para casa de alma cheia.